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Ativistas pedem medidas para interromper as deportações forçadas para a Síria

Requerentes de asilo sírios num campo de refugiados em Kokkinotrimithia, em Chipre
Requerentes de asilo sírios num campo de refugiados em Kokkinotrimithia, em Chipre Direitos de autor Petros Karadjias/Copyright 2017 The AP. All rights reserved.
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De  Isabel Marques da Silva
Publicado a Últimas notícias
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Defensores dos direitos humanos sírios apelaram à União Europeia para ajudar a travar o aumento da violência contra os refugiados sírios em Chipre e no Líbano, incluindo a deportação forçada.

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"O triângulo entre o Líbano, a Síria e o Chipre tem catalisado a catástrofe dos refugiados sírios. Sabemos com certeza que muitos dos que foram forçados a regressar à Síria acabaram detidos à chegada, ou foram recrutados pelo governo para o serviço militar, tendo alguns acabado por servir no exército russo", disse Sawsan Abou Zainedine, CEO da associação Madaniya, em entrevista à Euronews, em Bruxelas.

Sawsan Abou Zainedine e outros ativistas e juristas dos direitos humanos reuniram-se, recentemente, com altos funcionários e membros dos governos da UE para debater o aumento da violência por parte das autoridades que acolhem refugiados sírios e que foi documentado pelas Nações Unidas e por várias organizações não governamentais, tais como a Human Rights Watch.

O aumento da instabilidade no Líbano, que acolhe 1,5 dos 6 milhões de refugiados sírios, tem levado muitos sírios a tentarem chegar ao Chipre, país da União Europeia mais próximo , atravessando o mar Mediterrânio. Como resposta ao aumento de chegadas, o Chipre suspendeu o processamento de pedidos desde abril.

Em reação ao relatório da Human Rights Watch, o Ministério da Migração e Proteção Internacional do Chipre emitiu um comunicado no qual nega ter realizado os chamados pushbacks, isto é, o reenvio dos requerentes de asilo sírios de volta para o Líbano. O governo acrecesntou que o Chipre é um “pequeno país da linha da frente” que “recebeu fluxos de migrantes maciços nos últimos anos”.

Por seu lado, a Comissão Europeia aprovou, em maio, mil milhões de euros de ajuda financeira ao Líbano, destinados à gestão de fronteiras e ao apoio a pessoas vulneráveis, incluindo os refugiados sírios.

A Human Rights Watch critica o executivo da UE pelo apoio financeiro que é dado sem meios adequados para verificar a cumprimento dos direitos fundamentais, mas a Comissão Europeia garante que "monitoriza" estes acordos e que exige aos parceiros "que respeitem o princípio de non-refoulment".

Carta de oito países para rever política com a Síria

O apelo dos ativistas, em conferência de imprensa, na quinta-feira, surge na véspera de uma reunião de um Grupo de Trabalho no Conselho Europeu sobre uma carta enviada por oito Estados-membros, incluindo o Chipre, que pede que o bloco reavalie as suas políticas em relação à Síria, retomando o diálogo com o regime sírio.

“O nosso objetivo é uma política mais ativa, orientada para os resultados e operacional da Síria. (...) Isto permitir-nos-ia aumentar a nossa alavancagem política e a eficácia da nossa assistência humanitária”, disseram os ministros dos Negócios Estrangeiros da Áustria, Croácia, Chipre, Chéquia, Grécia, Itália, Eslováquia e Eslovénia na missiva enviada ao chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.

Se queremos que os sírios queiram ir para casa, então os criminosos de guerra não devem estar no poder e controlar completamente a economia do país"
Zahra Albarazi
Advogada especializada em direitos humanos

Zahra Albarazi, advogada especializada em direitos humanos, recorda que o país ainda está em grande medida sob controlo de Bashar Al-Assad, 13 anos após a revolta contra o regime.

“Não deve haver discussão sobre o regresso dos sírios, deve haver uma discussão sobre a prestação de contas na Síria. Se queremos que os sírios queiram ir para casa, então os criminosos de guerra não devem estar no poder e controlar completamente a economia do país", referiu, em entrevista à euronews.

Um relatório realizado pelo Gabinete do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em fevereiro, afirmou que a Síria não oferece condições seguras aos repatriados, uma vez que “estão sujeitos a violações e abusos grosseiros dos direitos humanos”.

Os ativistas e juristas destacaram que os refugiados "estão a tornar-se cada vez mais alvos da xenofobia, da discriminação e das agressões violentas, à medida que o discurso político se desloca para o diálogo com Assad".

"A retoma de diálogo com o regime sírio não deve ser enquadrada como um movimento diplomático para resolver um conflito prolongado porque reabilita um regime responsável por crimes de guerra e por crimes contra a humanidade, sob o disfarce do pragmatismo", disse Sawsan Abou Zainedine, na conferência de imprensa.

A ativista alertou que tal pode comprometer os esforços das Nações Unidas, através da Resolução do Conselho de Segurança 2254, para obter uma paz duradoura e o respeito pelos direitos humanos.

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