Na pequena aldeia de Margraten, os locais juraram nunca esquecer os soldados americanos e outros soldados aliados que deram as suas vidas na luta para libertar cidades e aldeias da ocupação nazi na Segunda Guerra Mundial.
Na aldeia de Margraten, no sudeste dos Países Baixos, o Cemitério Neerlandês Americano alberga mais de oito mil túmulos de soldados mortos na guerra pela libertação do país da Alemanha nazi.
O cuidado com os 65,5 hectares de relvados e com as lápides de mármore branco já deixam transparecer a gratidão que o povo neerlandês tem pela luta destes homens.
As campas não foram votadas ao esquecimento, pelo contrário: muitos cidadãos adotaram uma campa de um dos soldados e visitam-na regularmente, deixando flores em datas especiais, como a desta quarta-feira. Um ato de gratidão que começou quase logo após o fim da guerra e que se mantém até hoje.
É o caso de Ton Hermes e Maria Kleijnen, um casal neerlandês que decidiu “adotar” a campa de um dos 8.288 americanos mortos, neste caso a do 2.º Tenente Royce D. Taylor. "Penso que é importante adotar o túmulo e pensar no que ele fez pela nossa liberdade", justifica Hermes.
“Todos os soldados de que me lembro aqui são adoptados. Esperamos que os adotantes visitem a campa regularmente, no dia do aniversário, no dia da morte, no 'Memorial Day' em maio e no Natal. Há sempre pessoas aqui a correr com flores e a ir ter com o seu soldado", diz.
Hermes também foi soldado e serviu na Bósnia durante as guerras dos Balcãs na década de 1990. As suas visitas regulares ao cemitério, principalmente nesta data, têm o objetivo de deixar viva a memórias daqueles que lutaram pela liberdade neerlandesa contra a tirania alemã.
“É um dia que mostra que a democracia e a liberdade são muito frágeis”, afirmou.
O casal criou uma amizade com o neto do soldado que "adotaram", Scott Taylor, que considera o avô o seu herói e, também por essa inspiração, já serviu na Força Aérea dos EUA onde pilotou jatos F-15E Strike Eagle no Iraque e no Kosovo.
“Estou muito grato. Não me canso de dizer ao Ton e à Maria que estou realmente grato pelos seus esforços para poder recordar o meu avô e também ajudar outras famílias neerlandesas a recordar os outros que estão aqui no cemitério”, disse à Associated Press.
"Sem essa recordação, arriscamo-nos a repetir os erros do mal, da ocupação, do poder e de todas essas coisas (...) que aconteceram durante a Segunda Guerra Mundial”, acrescentou.
Esta quinta-feira, dia 12 de setembro, assinalam-se 80 anos da Libertação dos Países Baixos e para celebrar há um concerto no cemitério, onde a música preencherá o silêncio dos túmulos.
Libertação dos Países Baixos
Após os desembarques na Normandia, a 6 de junho de 1944, foram necessários mais de três meses para as tropas americanas chegarem aos Países Baixos e lutarem contra os alemães em inúmeras batalhas.
Foi na manhã de 12 de setembro de 1944 que os homens da 30.ª Divisão de Infantaria americana atravessaram finalmente a fronteira entre a Bélgica e os Países Baixos para a aldeia de Mesch e fizeram com que as tropas alemãs recuassem. O dia é recordado como o início da libertação dos Países Baixos de quatro anos de ocupação nazi.