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Comissário Breton demite-se e acusa von der Leyen de "governação questionável"

Thierry Breton demitiu-se do cargo de Comissário Europeu.
Thierry Breton demitiu-se do cargo de Comissário Europeu. Direitos de autor Dati Bendo/ EU/Dati Bendo
Direitos de autor Dati Bendo/ EU/Dati Bendo
De  Jorge Liboreirovídeo por Isabel Marques da Silva
Publicado a Últimas notícias
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Artigo publicado originalmente em inglês

O francês Thierry Breton demitiu-se do cargo de comissário europeu para o Mercado Interno, o que constitui um novo golpe nos esforços de Ursula von der Leyen para formar a sua próxima equipa.

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(Esta notícia foi atualizada com um vídeo que inclui declarações de uma porta-voz da Comissão Europeia e de dois eurodeputados).

Grande surpresa em Bruxelas: Thierry Breton, o poderoso comissário europeu responsável pelo Mercado Interno, demitiu-se, alegando que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tinha pressionado a França a apresentar outro candidato para o substituir.

Breton anunciou a sua demissão numa carta divulgada, esta segunda-feira de manhã, afirmando que teve conhecimento desta alegada pressão "há alguns dias", enquanto a presidente da Comissão dava os últimos retoques no seu novo executivo.

À luz destes desenvolvimentos - mais um testemunho de uma governação questionável - concluí que não posso continuar a exercer as minhas funções no Colégio.
Thierry Breton
Comissário europeu para o Mercado Interno

Esperava-se que o francês recebesse uma pasta importante na próxima Comissão, depois de ter sido alvo de rumores de que seria nomeado para uma vice-presidência executiva.

Mas tal já não acontecerá.

"Há alguns dias, no último trecho das negociações sobre a composição do futuro Colégio, pediu à França que retirasse o meu nome - por razões pessoais que em nenhum momento discutiu diretamente comigo - e ofereceu, como contrapartida política, uma pasta alegadamente mais influente para a França no futuro Colégio", escreve Breton.

"Ser-lhe-á agora proposto um candidato diferente".

Breton afirma então que foi uma "honra" ter trabalhado nos últimos cinco anos como Comissário para o mercado interno "acima dos interesses nacionais e partidários".

"No entanto, à luz destes desenvolvimentos - mais um testemunho de uma governação questionável - concluí que não posso continuar a exercer as minhas funções no Colégio", acrescenta.

"Por conseguinte, demito-me do meu cargo de Comissário Europeu, com efeitos imediatos".

Comissão Europeia não comenta

Uma porta-voz da Comissão Europeia, Ariana Podesta, recusou comentar estas alegações: "A presidente toma nota e aceita a demissão de Thierry Breton e agradece-lhe pelo seu trabalho como comissário durante todo o mandato”, disse, em conferência de imprensa, enfatizando que o diálogo de Ursula von der Leyen com os líderes dos 27 Estados membros se rege pela cofidencialidade.

O governo francês já nomeou para comissário Stéphane Séjourné, atual ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo eurodeputado.

A surpreendente saída de Breton constitui um novo golpe nos esforços de von der Leyen para constituir o novo Colégio de Comissários, um processo delicado que implica um equilíbrio complicado entre género, geografia e política partidária.

Estamos a preparar-nos, estamos a coordenar-nos em relação às questões, mas, em última análise, até termos uma imagem mais clara de como as pastas serão distribuídas e que forma terão, será mais difícil concluirmos o nosso trabalho
Alex Agius Saliba
Vice-presidente dos Socialistas e Democratas

A apresentação da sua nova equipa já foi adiada devido a uma luta política na Eslovénia, onde a oposição contestou a nomeação de Marta Kos. O governo esloveno apresentou Kos depois de Tomaž Vesel se ter retirado da corrida, alegadamente em resultado da pressão nos bastidores de von der Leyen para ter mais mulheres no seu próximo executivo.

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Os eurodeputados vão realizar as entrevistas a todos os candidatos, antes de votar a favor ou contra, e aguardam pela lista a ser apresentada aos líderes das bancadas políticas.

“Estamos a preparar-nos, estamos a coordenar-nos em relação às questões, mas, em última análise, até termos uma imagem mais clara de como as pastas serão distribuídas e que forma terão, será mais difícil concluirmos o nosso trabalho", disse, à Euronews, Alex Agius Saliba, vice-presidente dos Socialistas e Democratas.

A presidente da Comissão Europeia vai, ainda, enfrentar pressões em relação a dois nomeados da extrema-direita.

A Hungria quer manter o atual comissário Oliver Varhely, que protagonizou vários escândalos. Outra escolha polémica é o ex-eurodeputado e atual ministro dos Assuntos Europeus de Itália, Raffaelle Fitto, porque poderá obter uma vice-presidência.

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"Penso que alguém que votou de forma tão consistente contra o Estado de direito, contra a democracia, contra os valores fundamentais da União Europeia, sempre que votámos sobre sobre isso no Parlamento Europeu ao longo dos últimos cinco anos, não está exactamente a colocar-se numa posição de forte candidatura, nomeadamente para vice-presidente da comissão", referiu Daniel Freund, eurodeputado alemão dos Verdes.

As constantes críticas de Breton

No entanto, a saída de Breton é um dos grandes escândalos deste processp, uma vez que o francês adquiriu um perfil forte em Bruxelas, depois de ter desempenhado um papel fundamental na produção de vacinas contra a Covid-19, na aceleração industrial para fornecer mais apoio militar à Ucrânia e, sobretudo, na pressão regulamentar para controlar os excessos das grandes empresas de tecnologia e da inteligência artificial.

Breton também se tornou uma personagem polémica pela carta que enviou a Elon Musk, presidente da rede social X, em agosto, antes da entrevista do multimilionário com Donald Trump, que foi considerada um atentado à liberdade de expressão e um caso flagrante de abuso de poder.

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Em março, o comissário criticou publicamente o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, por não ter dado a von der Leyen apoio com total unanimidade. O seu discurso levantou questões éticas e expôs a tensão entre o Comissário e a presidente.

“A verdadeira questão agora é: Será possível (re)confiar a gestão da Europa ao PPE por mais 5 anos, ou 25 anos seguidos? O próprio PPE parece não acreditar no seu candidato”, escreveu na altura.

A porta-voz da Comissão Europeia insistiu que Ursula von der Leyen tudo fará para apresentar a lista de nomeados e pastas atribuídas ao Parlamento Europeu, na terça-feira, em Estrasburgo (França).

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