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Musk e Itália: investimentos na Space X e na Starlink em troca de um acordo com Meloni na Europa

Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, no festival político Atreju, organizado pelo partido Fratelli d'Italia de Giorgia Meloni (16 de dezembro de 2023)
Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, no festival político Atreju, organizado pelo partido Fratelli d'Italia de Giorgia Meloni (16 de dezembro de 2023) Direitos de autor Alessandra Tarantino/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Alessandra Tarantino/Copyright 2023 The AP. All rights reserved
De  Gabriele Barbati
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Artigo publicado originalmente em italiano

Itália abriu caminho aos investimentos das empresas de Musk. Será que, em contrapartida, Musk vai conseguir uma posição em linha com a UE em matéria de redes sociais e questões da direita política? O prémio que o magnata vai entregar a Meloni na segunda-feira levanta várias questões.

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O Prémio de Cidadania Global que Giorgia Meloni recebeu na segunda-feira das mãos de Elon Musk em Nova Iorque, à margem dos seus compromissos na Assembleia Geral das Nações Unidas, parece ir além dos méritos da primeira-ministra italiana.

Segundo os meios de comunicação locais, Meloni pediu ao Atlantic Council, um grupo de reflexão que trabalha em prol da cooperação entre os Estados Unidos e a Europa desde 1961, para que fosse o empresário proprietário da Tesla e de outras empresas de alta tecnologia a entregar-lhe o prémio (que será atribuído, entre outros, ao primeiro-ministro grego Mitsotakis, como no passado foi entregue ao presidente ucraniano Zelenskyy).

A associação entre Meloni e o bilionário sul-africano, que enriqueceu entre o Texas e a Califórnia, não parece ser uma coincidência. Depois de ter intervido amplamente nas eleições presidenciais norte-americanas, previstas para 5 de novembro, Musk parece poder tornar-se um fator económico e político também em Itália.

Starlink e Space X: a possível aliança entre Musk e Itália

Há muito que o empresário utiliza a sua última aquisição, a plataforma social X , para manifestar o seu apoio ao candidato republicano, o antigo Presidente Donald Trump.**

O eixo político entre Musk, de 53 anos, e Itália também tem potencial, como veremos a seguir, mas os motivos económicos parecem ser preponderantes.

No domingo, o empresário republicou no X um post que o mostrava com Andrea Stroppa, um jovem informático creditado como o seu braço operante em Itália, numa entrevista ao jornal La Repubblica.

A publicação da autoria de um jornalista americano que acompanha os assuntos das empresas de Musk, indica que"o artigo 25 está prestes a abrir caminho para o Starlink como sistema de apoio em Itália".

O artigo 25 pertence ao novo regulamento que permite às agências públicas e às empresas privadas do setor espacial operarem em Itália, aprovado em junho pelo governo de Meloni, que à sua chegada aos Estados Unidos, no domingo, se reuniu com os responsáveis da Google e da Microsoft para discutir o futuro próximo da inteligência artificial,

É sabido que Musk, através da Space X, colabora há já algum tempo com a NASA num novo lançador espacial para retomar o legado dos vaivéns nas missões espaciais.

Mas esta cláusula, em particular, exige que Itália se dote de uma"reserva de capacidade de transmissão através de comunicações por satélite" para garantir o funcionamento de serviços estratégicos, tanto militares como civis, em caso de apagão das redes terrestres de Internet, como a rede de satélites de Musk já fez pela Ucrânia após a invasão russa.

Nesse sentido, a Starlink, que é mais uma das criações do magnatasul-africano, está a tentar vencer a concorrência das empresas europeias, com a aprovação de Roma, que, segundo a agência Bloomberg, pretende investir no setor espacial cerca de 7 mil milhões de euros a partir de 2026.

A ofensiva política de Musk em Itália, de Salvini a Meloni

Além do possível destino de investimentos e tecnologias em Itália, também parece haver uma harmonia entre Musk e o governo de Roma na política internacional.

A visão do mundo "soberanista" de Trump foi publicamente partilhada por Musk e encontra um ponto de apoio firme na Europa, a começar pela Hungria de Orbán e pelas forças de extrema-direita em ascensão em vários países da União Europeia.

Itália está entre os poucos países que já fizeram esta transição, nomeadamente no Governo, com os Fratelli d'Italia sob a liderança de Giorgia Meloni, que se torna assim o aliado ideal de uma nova Casa Branca liderada pelos republicanos em 2025.

Enquanto se aguarda para ver se Musk aceita o convite da Liga para o comício de Pontida, a 6 de outubro, é de notar que o magnata da tecnologia vive há muito tempo uma paixão pela direita italiana.

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Na semana passada, Musk comentou com um "Bravo!" a mensagem de vídeo de Meloni contra a imigração ilegal. A 14 de setembro, tinha feito uma publicação no X, elogiando a reação de Matteo Salvini ao pedido de condenação do procurador de Palermo no processo Open Arms.

O flerte já tinha sido um pouco mais intenso em dezembro de 2023, quando Musk foi convidado do Atreju, o festival político organizado todos os anos pelos Fratelli d'Italia, no meio das hipóteses de abertura de ligações à Internet por satélite Starlink e de fábricas da Tesla em Itália.

No palco em Roma, Musk incitou a multidão a "fazer mais italianos", referindo-se à crise demográfica que coloca a taxa de natalidade italiana entre as mais baixas da Europa.

Ao fazê-lo, o empresário, que teve doze filhos de diferentes mulheres, mostrou uma afinidade com a direita. O mesmo não se pode dizer da maternidade de substituição, à qual Musk recorreu várias vezes e sobre a qual a direita italiana se opõe firmemente, pedindo que se torne um crime universal.

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Uma aliança entre o X e Itália sobre as redes socias na UE?

A repressão da União Europeia, através da Lei de Serviços Digitais contra os conteúdos radicais e as notícias falsas publicadas pelas plataformas de redes sociais, comodemonstram os casos do Telegram e do próprio X, pode ser uma das razões de interesse de Musk em Itália.

Depois de ter criticado o X como um megafone da extrema-direita e de Musk se ter defendido, alegando liberdade de expressão, uma Europa mais à direita, com Itália a aumentar o seu peso na Comissão (embora com o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus de Meloni, do recém-nomeado comissário Fitto, na oposição no Parlamento), poderia ajudar a suavizar a linha de Bruxelas em relação às plataformas sociais e às sanções conexas.

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