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Parlamento russo pede que os talibãs sejam retirados da lista de organizações terroristas

O Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e o Ministro dos Negócios Estrangeiros afegão em exercício, Amir Khan Muttaki. Moscovo. 04.10.2024
O Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e o Ministro dos Negócios Estrangeiros afegão em exercício, Amir Khan Muttaki. Moscovo. 04.10.2024 Direitos de autor  AP/Russian Foreign Ministry Press Service
Direitos de autor AP/Russian Foreign Ministry Press Service
De Euronews
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A Rússia e vários outros países consideram que os talibãs são o verdadeiro poder no Afeganistão. A inclusão dos Talibãs na lista de organizações terroristas impede o desenvolvimento de laços entre os dois países, consideram os deputados da Duma.

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Um grupo de deputados da Duma [parlamento russo] apresentou um projeto de lei que permitirá que uma decisão judicial suspenda a proibição das atividades de organizações, incluindo as estrangeiras e internacionais, classificadas como terroristas. Segundo a publicação "Insider", o projeto de lei indica as condições para eventuais alterações: "Na presença de dados factuais de que essa organização, após a sua inclusão na referida lista, deixou de realizar atividades de propaganda, justificação e apoio ao terrorismo ou de cometer crimes".

Os talibãs não são diretamente mencionados no projeto de lei. A nota explicativa indica que a nova norma visa eliminar uma lacuna jurídica: a lei não prevê atualmente um procedimento para suspender a ação penal contra uma organização reconhecida como organização terrorista em caso de alteração da natureza das suas atividades.

Anteriormente, o secretário do Conselho de Segurança, Sergei Shoigu, que fazia parte da delegação russa em Cabul, já tinha afirmado que a Rússia tencionava retirar os talibãs da lista de organizações terroristas e que pretendia reforçar os laços políticos e económicos bilaterais com o Afeganistão.

Em outubro, o enviado especial do presidente russo para o Afeganistão, Zamir Kabulov, prometeu que os talibãs seriam em breve retirados da lista de organizações terroristas. Afirmou que o Ministério do Interior e o FSB estavam já a concluir o "trabalho jurídico" necessário para o efeito.

O estatuto de organização terrorista, no entanto, e de acordo com o Insider, não impede os talibãs de cooperarem com Moscovo. A embaixada russa em Cabul continuou a funcionar depois de os talibãs terem tomado o poder no Afeganistão, em 2021, e os representantes do movimento visitam regularmente a Rússia.

"Os talibãs são aliados de Moscovo na luta contra o terrorismo", afirmou Putin, no passado mês de julho.

Rússia-Afeganistão: a política das contradições

É impossível avaliar corretamente a política de Moscovo em relação a Cabul: se as causas e as consequências dos dez anos de "ajuda soviética ao povo irmão do Afeganistão" requerem uma análise especial e profunda, então mais de 30 anos de relações da Rússia com este país estão cheios de contradições. Basta recordar o facto de Vladimir Putin ter concordado em apoiar, em 2001, a invasão do Afeganistão pela coligação liderada pelos EUA - isto depois de uma década de relações mutuamente benéficas com os Mujahidin, se não mesmo de amizade.

Os peritos estão inclinados a concluir que, nessa altura, como em qualquer outra, a Federação Russa estava muito interessada em assegurar a estabilidade das fronteiras meridionais dos Estados da Ásia Central e, graças a isso, das suas próprias fronteiras. As questões do tráfico de droga, do contrabando de armas e da influência transfronteiriça de grupos radicais islâmicos também estiveram sempre ligadas à esperança de garantir a estabilidade no "instável" Afeganistão, que dura há décadas.

Mas, em abril, quando Moscovo anunciou pela primeira vez a possível retirada dos talibãs da lista de organizações terroristas, os observadores foram lembrados de que a Rússia poderia ficar presa entre Cila e Caríbdis.

"Em resultado da sua política controversa de longa data no Afeganistão e do confronto direto com o Estado Islâmico na Síria, a Rússia encontra-se numa situação em que o apoio aos talibãs é visto como a única forma possível de alcançar a estabilidade na região. No entanto, esta aposta também pode não dar frutos", disse Artemy Kalinovsky, professor de história e ciência política na Universidade de Temple. "Se os talibãs não conseguirem consolidar o seu poder no país, o Estado Islâmico deslocar-se-á para norte, em direção às repúblicas da Ásia Central, o que aumentará seriamente a ameaça à segurança da Rússia".

Cazaquistão já não considera os Talibãs terroristas

As repúblicas da Ásia Central também estão a resolver os problemas com o seu vizinho à sua maneira. Em junho, o Cazaquistão decidiu retirar os talibãs da sua lista de organizações terroristas, afirmando que estavam a interferir com a cooperação normal. Tanto a Rússia como o Cazaquistão explicam as suas ações pelo facto de os talibãs deterem todo o poder real no Afeganistão.

No entanto, a atitude em relação aos talibãs na cena mundial é ambígua. Ainda recentemente, uma delegação dos talibãs participou na COP29 em Baku.

A situação das mulheres, as execuções e a repressão têm estado no centro das atenções da ONU e das organizações de defesa dos direitos humanos desde que os talibãs chegaram ao poder. Como falar com eles continua a ser uma questão em aberto.

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