Soldados ucranianos aproveitam breve momento para observar uma celebração de Ano Novo calma e tranquila, enquanto a Rússia continua a bombardear intensamente o país.
Os militares da equipa de morteiros da 57ª brigada de infantaria motorizada na cidade ucraniana de Vohanvcsk assinalaram o Ano Novo com uma pequena celebração nas suas posições. Os soldados aproveitaram um momento de descanso para pendurar decorações e festejar a data.
Muitos soldados das forças armadas ucranianas não puderam celebrar corretamente, uma vez que as chamadas de serviço tornaram difícil reunir-se com a família e os entes queridos e festejar em paz. Alguns dizem que há anos que não vivem um clima festivo e que não o podem fazer enquanto o país continuar sob ameaça.
“Não há ambiente festivo. Agora a situação é muito tensa, o inimigo está constantemente a levar a cabo ações de assalto”, diz Oleksandr, militar da 57ª Brigada.
Para muitas das tropas ucranianas, esta é a terceira época festiva consecutiva que passam na linha da frente a defender-se dos ataques russos. O desejo de proteger o país e os cidadãos e de assegurar a integridade territorial e a liberdade da Ucrânia é tudo o que têm em mente.
“O que é que há para celebrar quando há uma guerra? Devíamos celebrar com a nossa mulher, com os nossos filhos, com a nossa família”, diz Dmytro, da 57ª Brigada.
Dmytro e Oleksandr dizem que comunicam com as famílias sempre que possível, afirmando que querem regressar a casa, mas que o trabalho não está concluído e só terminará com a vitória da Ucrânia. “Motivação para todo o dia. Viver e acabar com esta guerra o mais depressa possível”, acrescentou Dmytro.
Apesar dos ataques implacáveis da Rússia, o ânimo destes soldados não foi quebrado. Os sacrifícios altruístas pelo povo e pelo país estendem-se aos desejos de Ano Novo.
“Quero desejar a todos um Feliz Ano Novo. Desejo a todos que esperem pelos entes queridos”, diz Oleksandr.
Ataques russos continuam a atingir a Ucrânia na véspera de Ano Novo
A campanha do Kremlin mostrou no último dia do ano a mesma violência que tem exibido ao longo de quase três anos de guerra.
As forças ucranianas informaram na terça-feira que os projéteis russos atingiram a região de Sumy, no norte do país.
Mais de uma dezena de mísseis atingiu infraestruturas na comunidade de Shostka, causando alegadamente grandes danos.
Segundo as autoridades ucranianas, foram danificados doze edifícios residenciais de vários andares, dois estabelecimentos de ensino e algumas instalações sociais.
Além disso, as forças policiais registaram danos em três casas de civis, vedações de garagens e outros anexos.
Não é ainda claro se os ataques causaram vítimas, mas as autoridades regionais afirmam que foram enviadas unidades de salvamento de emergência para os locais dos ataques.
Os ataques também deixaram algumas pessoas sem aquecimento, numa altura em que a região se prepara para os meses mais rigorosos do inverno.
Segundo as autoridades, os ataques de terça-feira também visaram a capital e outras regiões.
Ucrânia riposta
Kiev afirma que um dos seus drones navais abateu com sucesso um helicóptero russo com um míssil na terça-feira.
É a primeira vez que a Ucrânia destrói um alvo aéreo russo com uma embarcação sem tripulação.
A Direção de Informação Militar da Ucrânia, conhecida pelo acrónimo GUR, afirma que um Magura V5, um Veículo de Superfície Não Tripulado (USV) de fabrico ucraniano, abateu um helicóptero Mi-8 de Moscovo perto do Cabo Tarkhankut, o ponto mais ocidental da península da Crimeia, território ucraniano anexado pela Rússia.
Segundo o GUR, outro helicóptero russo foi atingido por mísseis ucranianos, mas a aeronave conseguiu fugir e chegar a um aeródromo.