Os especialistas dizem que uma das razões pela qual a Flavescência Dourada da videira está agora a dizimar as vinhas húngaras é "a gestão negligente das vinhas".
As vinhas húngaras parecem um mar amarelo, no entanto, não é um sinal de outono, mas sim de vinhas infetadas por uma doença fatal da uva chamada "Flavescência Dourada da videira".
A doença é transmitida pelo escaravelho da baga da uva, ou cigarrinha americana, conhecido na Hungria desde 2006.
A indústria da uva e do vinho reconheceu a presença da doença em 2013, e os gestores agrícolas estavam ao corrente da mesma.
Embora a doença destrua as vinhas ao longo dos anos, não foram tomadas medidas preliminares sérias para a combater.
A doença está atualmente confirmada em 15 das 22 regiões vinícolas húngaras.
Zsuzsanna Varga, diretora do departamento de Viticultura da Universidade Húngara de Ciências Agrárias e da Vida, afirma que, apesar de a indústria vitivinícola e as autoridades terem adotado uma atitude arrogante em relação à doença, seria difícil encontrar um único responsável.
A doença, que até agora estava adormecida, também se instalou nas vinhas por estas estarem enfraquecidas pelo aquecimento global.
Segundo Varga, por enquanto só se pode fazer a poda das vinhas doentes e os viticultores devem tomar medidas mais cautelosas e concertadas contra a doença.
Na região vinícola de Etyek-Buda, perto da capital, as uvas susceptíveis à doença são principalmente Chardonnay. Outras variedades de uvas, como a Merlot, apresentam poucos, ou nenhuns sinais de "amarelo dourado", mas são estas as variedades que mais atraem as cigarras.
Como nos mostrou um enólogo de Etyek, Tamás Hernyák, "as folhas das plantas começam a ficar amarelas muito antes da vindima. As bordas das folhas ficam enroladas e, como não se desenvolvem completamente, permanecem mais pequenas do que as folhas saudáveis", explica. Além disso, os rebentos devem ser observador com atenção. "Normalmente são borrachudos na primavera e no verão, dobram-se facilmente e não se partem", diz.
O viticultor sublinha que a doença está a receber muita atenção devido à atual explosão, mas que já se vive com ela há muito tempo.
O mais importante é controlar o inseto que está a espalhar a doença. "A população de cigarras é monitorizada através da colocação de armadilhas nas vinhas e da contagem manual do número de cigarras presas em intervalos regulares", explica.
De acordo com Tamás Hernyák, a coesão da comunidade vitivinícola também é importante e em Etyek, parece funcionar. "Os proprietários das vinhas apoiam-se mutuamente quando percorrem as suas vinhas verificam também as vinhas vizinhas", conclui.