Isaac Steidl foi detido por ter criado um website utilizado por criminosos, incluindo por Dominique Pelicot.
O fundador de um website utilizado pelo ex-marido de Gisèle Pelicot, Dominique Pelicot, foi detido em França. Dominique recorria a esta plataforma para recrutar desconhecidos para violarem a sua mulher, enquanto esta se encontrava inconsciente.
De acordo com a France Info Radio, o fundador do website, Isaac Steidl, de 44 anos, foi detido e está a ser interrogado depois de ter sido chamado a depor na polícia de Paris.
O website Coco foi utilizado para a prática de mais de 23.000 crimes, incluindo violação, pedofilia e assassínio. As autoridades francesas encerraram-no no ano passado, na sequência de uma investigação.
O caso de Gisèle Pelicot chamou a atenção do grande público para o website, depois de ter sido revelado que o seu ex-marido, posteriormente condenado a 20 anos de prisão, tinha entrado numa sala de conversação no domínio “A son insu” (que em português significa "sem o seu conhecimento").
Através deste fórum, Dominique Pelicot recrutou mais de 80 homens para violarem e abusarem sexualmente da sua mulher, enquanto lhe dava medicamentos para que ficasse inconsciente. Destes homens, 50 foram julgados e todos, exceto um, foram condenados por violação por um tribunal de Avignon, em dezembro do ano passado.
Isaac Steidl criou este website em 2003 com a ajuda dos pais, que investiram 2.000 euros no projeto, depois deste se ter formado em engenharia informática, segundo a imprensa local.
Website foi criado em 2003 para promover encontros amorosos
Embora inicialmente esta fosse uma plataforma de encontros, rapidamente atraiu criminosos, alguns deles sexuais. No final de 2023, a organização de defesa dos direitos LGBTQ+ SOS Homophobie pediu que o website fosse encerrado, alegando que estava a ser utilizado por criminosos após um homem ter sido agredido com bastões e paus.
Num outro caso, um jovem de 22 anos foi espancado até à morte perto de Dunquerque, em abril do ano passado, depois de dois menores se terem feito passar por uma jovem e terem marcado um encontro com ele através do website.
Até junho de 2023, a polícia francesa tinha iniciado mais de 23.000 processos judiciais contra o website que, segundo os procuradores, trocava frequentemente de proprietário e de domínio para evitar ser processado. No final de 2024, depois do caso de Gisèle Pelicot ter atraído a atenção internacional, a plataforma foi transferida para um domínio na ilha britânica de Guernsey.
A procuradora de Paris, Laure Beccuau, afirmou que a polícia tinha apreendido mais de 5 milhões de euros e que tinha congelado contas bancárias na Hungria, Lituânia, Alemanha e Países Baixos como resultado da investigação que encerrou o website.
Na altura, um homem de nacionalidade italiana, nascido em 1980, era suspeito de gerir a plataforma.
A polícia da Bulgária interrogou Steidl pela primeira vez em junho do ano passado, juntamente com três dos seus familiares, que acabaram por ser libertados após o interrogatório.
Dois moderadores do website foram também detidos em julho, segundo o jornal francês Le Figaro.