A última vaga de manifestações foi alimentada pela recente viagem de Fico a Moscovo para se encontrar com o presidente russo Vladimir Putin, uma rara visita de um líder da UE ao Kremlin desde a invasão da Ucrânia por Moscovo.
Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas em toda a Eslováquia para manifestar a sua oposição às políticas do primeiro-ministro Robert Fico, que acusam de ser pró-Rússia.
A última vaga de manifestações anti-governamentais foi alimentada pela viagem de Fico a Moscovo, em dezembro último, para se encontrar com o presidente russo Vladimir Putin, uma rara visita ao Kremlin de um líder da União Europeia desde a invasão da Ucrânia por Moscovo, em 2022.
"A Eslováquia pertence à Europa, queremos pertencer à Europa em termos de valores. Não pertencemos à Rússia, não queremos colaborar com a Rússia de forma alguma, e esta é a nossa posição, que devemos expressar de forma educada, mas responsável", disse Marián Kulich, diretor-geral da organização Paz para a Ucrânia, falando num comício na capital, Bratislava.
As recentes declarações de Fico de que era possível mudar a orientação da política externa da Eslováquia e abandonar a União Europeia e a NATO foram outras das medidas tomadas pelo primeiro-ministro que provocaram a ira dos manifestantes.
Os protestos de sexta-feira tiveram lugar em 28 localidades, mais do dobro do que há duas semanas, num contexto de tensões acrescidas, depois de Fico ter acusado os organizadores e a oposição, no início da semana, de estarem em contacto com um grupo não especificado de estrangeiros que, segundo ele, estão a trabalhar para engendrar um golpe de Estado na Eslováquia.
Fico relacionou as suas acusações com um relatório secreto dos serviços de espionagem do país (SIS) que apresentou no Parlamento na terça-feira.
Os pormenores não são conhecidos, mas Fico disse publicamente que a oposição planeia ocupar edifícios governamentais, bloquear estradas, organizar uma greve nacional e provocar confrontos com as forças policiais, como parte do alegado plano para derrubar o seu governo.
"Vemos uma estrutura que quer explorar estas reuniões, estes comícios, principalmente para um possível confronto com as forças de segurança do Estado, para aumentar ainda mais as tensões. Para aumentar a agressão e cumprir o plano que está a ser divulgado hoje pelos organizadores destes protestos", disse Fico na sexta-feira.
Os dirigentes eslovacos afirmaram que a situação era grave, mas a oposição rejeitou o relatório e acusou o SIS de estar a ser utilizado indevidamente para fins políticos.
Os organizadores da maioria das manifestações da organização Paz para a Ucrânia rejeitaram as afirmações de Fico e disseram que ele está a tentar assustar a população eslovaca.
Todos os protestos públicos contra o governo desde a tomada de posse do gabinete de Fico, em 25 de outubro de 2023, têm sido pacíficos.
Os organizadores afirmam que o protesto em Bratislava contou com a presença de cerca de 60.000 pessoas e que as manifestações vão continuar no dia 7 de fevereiro.
Os pontos de vista de Fico sobre a Rússia têm-se afastado fortemente da corrente dominante europeia.
O primeiro-ministro regressou ao poder em 2023, depois de o seu partido de esquerda Smer (Direção) ter ganho as eleições parlamentares com uma plataforma pró-Rússia e anti-América.
Desde então, pôs fim à ajuda militar eslovaca à Ucrânia, criticou as sanções da UE contra a Rússia e prometeu impedir a Ucrânia de aderir à NATO.
Fico é uma figura polarizadora na Eslováquia e sobreviveu a uma tentativa de assassinato em maio de 2024.