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Eleições europeias: Super domingo mostra que partidos de centro-esquerda continuam em queda livre

Apoiantes da coligação de centro-direita do primeiro-ministro Luís Montenegro consultam os resultados preliminares das eleições legislativas em Portugal, em Lisboa, no domingo
Apoiantes da coligação de centro-direita do primeiro-ministro Luís Montenegro consultam os resultados preliminares das eleições legislativas em Portugal, em Lisboa, no domingo Direitos de autor  Armando Franca/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
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De Sandor Zsiros
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Os partidos de centro-esquerda estão a perder a ligação com os eleitores, numa altura em que as questões sociais são prementes, dizem os especialistas à Euronews.

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Os líderes europeus apressaram-se a felicitar o centrista Nicusor Dan pela dramática vitória de domingo nas eleições presidenciais da Roménia sobre o seu rival de extrema-direita, George Simion.

Dan obteve 53,6% dos votos, à frente de Simion, que durante a campanha apresentou-se como defensor de valores nacionalistas e políticas conservadoras semelhantes às do presidente dos EUA, Donald Trump.

Em contrapartida, Dan - o presidente da Câmara de Bucareste, pró-UE e pró-NATO - tinha prometido manter a nação na corrente europeia e apoiar a vizinha Ucrânia, assim, a sua vitória é um enorme alívio para a UE e para a Ucrânia, numa altura em que a Europa enfrenta desafios cruciais.

Nicusor Dan acena aos apoiantes depois de vencer a segunda volta das eleições presidenciais em Bucareste, Roménia, na segunda-feira, 19 de maio de 2025
Nicusor Dan acena aos apoiantes depois de vencer a segunda volta das eleições presidenciais em Bucareste, Roménia, na segunda-feira, 19 de maio de 2025 Vadim Ghirda/Copyright 2025 The AP. All rights reserved.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ofereceu apoio para construir "uma Roménia aberta e próspera numa Europa forte".

Também o presidente do Conselho da UE, António Costa, afirmou que os resultados mostram "um forte sinal da adesão dos romenos ao projeto europeu".

Jean-Michel De Waele, cientista político da Universidade ULB, em Bruxelas, disse à Euronews que só o tempo dirá se o resultado é um revés para os nacionalistas europeus, mas sublinhou que os líderes não podem ignorar a raiva dos eleitores anti-establishment.

"Há muitos problemas para resolver e os cidadãos da União Europeia nesta parte (da Europa) não estão convencidos da UE", afirmou.

"Afinal de contas, 46% dos cidadãos romenos votaram em Simion. Por isso, a UE pode regozijar-se, mas não deve esquecer e não deve dizer «Percebemos a mensagem, vamos mudar a comunicação. Tudo continua como sempre»", defende Waele.

Políticas concretas e posições fortes

Paralelamente à Roménia, a Polónia e Portugal foram às urnas naquele que acabou por ser o "Super domingo" das eleições europeias.

Na Polónia, o candidato pró-europeu Rafał Trzaskowski venceu a primeira volta, à frente do conservador Karol Nawrocki. Os dois enfrentar-se-ão na segunda volta, a 1 de junho.

Presidente da Câmara de Varsóvia, o liberal Rafal Trzaskowski, candidato à presidência, fala aos seus apoiantes em Varsóvia, Polónia, na segunda-feira, 19 de maio de 2025.
Presidente da Câmara de Varsóvia, o liberal Rafal Trzaskowski, candidato à presidência, fala aos seus apoiantes em Varsóvia, Polónia, na segunda-feira, 19 de maio de 2025. Czarek Sokolowski/Copyright 2025 The AP. All rights reserved

Em Portugal, a aliança de centro-direita AD, no poder, venceu as eleições legislativas antecipadas, mas não conseguiu obter a maioria, enquanto o partido de extrema-direita Chega registou ganhos recorde.

 Luís Montenegro, gesticula enquanto se dirige aos seus apoiantes após as eleições gerais em Portugal em Lisboa, domingo, 18 de maio de 2025.
Luís Montenegro, gesticula enquanto se dirige aos seus apoiantes após as eleições gerais em Portugal em Lisboa, domingo, 18 de maio de 2025. Armando Franca/Copyright 2025 The AP. All rights reserved

O Partido Socialista (PS), de esquerda, perdeu 20 lugares no Parlamento, o que levou à demissão do líder do partido, Pedro Nuno Santos.

Os partidos tradicionais de esquerda estiveram em queda livre nas três eleições. De Waele afirmou que, na Roménia, a falta de apoio do centro-esquerda ao candidato pró-UE foi uma grande surpresa.

"Há uma crise de identidade na Europa e os partidos de esquerda não têm muito para oferecer e não se questionam muito", explicou De Waele.

"O PSD romeno é membro do Partido dos Socialistas Europeus, que apoia a democracia, mas isso é completamente insuficiente. Por isso, penso que mostra uma falta de direção, uma falta de liderança", acrescentou.

Na primeira volta das eleições presidenciais polacas, os dois candidatos de direita enfrentaram-se sem qualquer candidato de esquerda.

De acordo com De Waele, as dificuldades dos partidos de centro-esquerda na Roménia, na Polónia e em Portugal têm que ver com a perda de contacto com os seus eleitores tradicionais. "Vemos isso claramente em Portugal. As zonas onde o Partido Comunista Português, ou a esquerda, eram fortes estão a ser devoradas pela extrema-direita", adianta. "Por isso, perderam o contacto com o público, não têm muito para oferecer em termos de discurso, de sonho, de projeto social. E estão numa situação muito, muito difícil".

Nos últimos tempos, os sociais-democratas alemães e húngaros têm tido dificuldade em conquistar eleitores face aos seus rivais de direita ou de centro-direita. Isto deve-se, em parte, a um problema de liderança, segundo De Waele.

"Penso que precisamos de líderes fortes que se atrevam a agir. Hoje, ser de esquerda é quase vergonhoso. É como se já não houvesse orgulho, como se já não houvesse um projeto, como se a social-democracia tivesse perdido o seu projeto", lamenta.

De Waele acredita que a crise de liderança é uma das causas da viragem de muitos eleitores para líderes orientados para a ação. "Penso que os cidadãos estão a exigir políticas concretas e os governos estão a tomar posições fortes. É também por isso que Trump é tão bem sucedido. É um tipo de líder populista muito forte".

O politólogo afirma ainda que parte da vitória dos líderes populistas se deve ao facto de dizerem "vou fazer algo por vocês". "E penso que, infelizmente, a esquerda moderada ou a direita moderada estão paralisadas e não têm propostas fortes", concluiu De Waele.

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