A proposta de diretiva relativa às reivindicações ecológicas está no centro de um braço de ferro entre as instituições europeias.
Será que a proposta sobre "greenwashing" vai sobreviver ao braço de ferro entre as instituições europeias?
Na semana passada, a Comissão anunciou a sua intenção de retirar este texto emblemático do Pacto Ecológico Europeu.
A diretiva visa combater o "greenwashing", regulando a utilização de termos como "eco-responsável" ou "natural" por um organismo independente.
"A proposta sobre as alegações ecológicas visa assegurar uma melhor proteção dos consumidores e garantir a competitividade das empresas europeias", disse à Euronews o eurodeputado francês Sandro Gozi (Renew Europe).
"Queremos justificar uma alegação de que este produto é muito verde, este produto é muito sustentável. Tudo bem, mas se dissermos isso, se formos para o mercado a dizer isso, temos de seguir um procedimento que nos permita ter a certeza de que o que está a ser dito é verdade", acrescentou.
Esta controvérsia surgiu na sequência dos repetidos recuos da Comissão em matéria de políticas ambientais.
Peter Liese, eurodeputado alemão de centro-direita, confirma que o PPE quer que o texto seja retirado.
"O PPE considera positivo que a Comissão retire esta legislação, porque vem dos velhos tempos, quando a Comissão pensava que não havia legislação ambiental suficiente. E vimos que as empresas, particularmente as PME, estão sobrecarregadas com tantas complexidades", disse Peter Liese (PPE) à Euronews.
Por seu lado, os eurodeputados sociais-democratas, verdes e liberais denunciam um alinhamento dos conservadores do PPE com as posições da extrema-direita e da direita, e ameaçam separar-se do PPE.
"Se se confirmar que a Comissão Europeia está a retirar esta proposta pela simples razão de estar a ceder a uma maioria construída pelos conservadores com grupos de extrema-direita, este é o momento em que von der Leyen perde o apoio da sua própria maioria, dos liberais, dos sociais-democratas, dos verdes e do seu próprio grupo do PPE", disse René Repasi, eurodeputado alemão do S&D, à Euronews.
A Comissão poderá voltar à mesa das negociações se o acordo não se aplicar às microempresas.
"Espero que haja espaço para um acordo entre as três instituições. A mensagem da Comissão foi que esta era uma mudança tão relevante na discussão que a Comissão poderia considerar a retirada da diretiva", disse Teresa Ribera, Vice-Presidente da Comissão Europeia para uma transição limpa, justa e competitiva.
A bola está agora no campo do Conselho. Resta saber se o Conselho cederá ou não às pressões da Comissão.