Os peritos associam o aumento da frequência e da intensidade das ondas de calor às alterações climáticas, e alertam para o facto destes fenómenos se poderem tornar mais recorrentes.
Pelo menos quatro pessoas morreram em Espanha, duas em França e duas em Itália, numa altura em que a Europa continua a lutar contra as temperaturas extremas. As autoridades de vários países do continente voltaram a emitir avisos de alerta vermelho.
Foram emitidos avisos de calor para partes de Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido, com novos máximos esperados para esta semana, antes da chuva prevista trazer alívio a algumas zonas.
Itália
Na Sardenha, duas pessoas morreram na praia devido ao forte calor das últimas horas. As vítimas mortais são um homem de 75 anos e outro de 60 anos, que adoeceram na sequência da temperatura que ultrapassava os 40º Celsius.
Já na capital italiana, a população lutou para enfrentar o calor, com os turistas mergulharam as mãos, os braços e a cara nas fontes da cidade e a petiscaram gelado para se manterem frescos.
A unidade de Proteção Civil de Roma montou tendas com ar condicionado nas ruas e distribuiu garrafas de água em cinco unidades móveis espalhadas pela cidade, desde o Coliseu até ao Vaticano.
"Óculos de sol, um pouco de protetor solar, um boné, e é tudo. Ah, sim, e ter sempre água no saco", foi a fórmula de sobrevivência de Julie Riolacci, uma jovem de 18 anos vinda da Córsega.
Paolo Scarabaggio, um italiano de 20 anos, tinha uma solução diferente: "Molhar os braços com a água da fonte", disse ele, "e depois ir pelas ruas mais à sombra e ficar longe do sol".
O Ministério da Saúde de Itália emitiu alertas vermelhos de calor para 18 cidades do país, incluindo Roma, Florença, Turim e Milão.
Espanha
As autoridades espanholas informaram que o primeiro grande incêndio florestal do verão do país ocorreu na Catalunha, tendo feito duas vítimas mortais. Também na Extremadura e em Córdoba, duas pessoas morreram devido ao calor extremo.
A primeira vaga de calor do ano atingiu Espanha durante o fim de semana e não se prevê qualquer alívio até quinta-feira, segundo o serviço meteorológico espanhol.
O país parece ter atingido um novo máximo de temperatura para junho no sábado, quando se registaram 46 graus Celsius na província de Huelva, no sul do país. Também os residentes de Madrid dizem que está a ser difícil lidar com as altas temperaturas da cidade.
Países Baixos
Na cidade de Soest, os bombeiros transportaram mangueiras para um parque local, na terça-feira à noite, e utilizaram-nas para refrescar os residentes locais no meio de uma onda de calor.
"Tragam a vossa pistola de água e roupa de banho porque é garantido que vão ficar encharcados", disseram os bombeiros numa publicação no Instagram.
França
O ministro francês da Energia comunicou duas mortes relacionadas com o calor, tendo 300 pessoas sido hospitalizadas. Uma das vítimas mortais é uma criança americana de 10 anos, que morreu no pátio do Palácio de Versalhes, em Paris, depois de desmaiar.
De acordo com o Le Figaro, a menina, que estava a visitar o país, estava a ser tratada por perturbações do espetro do autismo “mas não de um problema cardíaco”. Espera-se que seja aberta uma investigação para apurar a causa da morte.
As temperaturas elevadas desta semana expuseram a forma como a arquitetura histórica da capital e os densos "desfiladeiros" urbanos retêm e irradiam calor muito depois do pôr do sol, colocando em risco as populações vulneráveis.
O climatologista urbano Erwan Cordeau explicou que as fachadas de pedra calcária, banhadas pelo sol, absorvem grandes quantidades de calor durante o dia.
"Depois, à noite, quando já não há luz solar, este calor é libertado, o que significa que a rua terá dificuldade em arrefecer", afirmou.
O efeito é mais pronunciado nos bairros centrais, particularmente ao longo da margem direita do rio Sena, onde as temperaturas noturnas podem ser seis a sete graus Celsius mais quentes do que nos subúrbios mais frondosos e residenciais.
Outros fatores de vulnerabilidade incluem uma população envelhecida e blocos de apartamentos do século XIX mal isolados.
Numa altura em que a Europa enfrenta uma grave vaga de calor com temperaturas recorde, os especialistas associam o aumento da frequência e intensidade dos fenómenos meteorológicos extremos às alterações climáticas.
Os cientistas alertam para o facto de fenómenos meteorológicos extremos se poderem tornar cada vez mais comuns, especialmente nas regiões do sul da Europa.