A Dinamarca é o último país a alargar o serviço militar obrigatório às mulheres.
As mulheres dinamarquesas podem agora ser convocadas para um período de serviço militar obrigatório quando completarem 18 anos, depois de a Dinamarca se ter tornado o mais recente país do Norte da Europa a adotar o serviço militar obrigatório com inclusão do género.
De acordo com as novas regras aprovadas pelo parlamento dinamarquês, as mulheres que fizerem 18 anos serão inscritas num sistema de sorteio para o recrutamento militar, em pé de igualdade com os seus compatriotas do sexo masculino.
Na Dinamarca, os voluntários - tanto homens como mulheres - são os primeiros a alistar-se, enquanto os restantes números são sorteados no sistema de lotaria que, anteriormente, só envolvia homens.
A duração do serviço militar também foi alargada de quatro para 11 meses.
Segundo Stephanie Vincent Lyk-Jensen, investigadora do Centro Dinamarquês de Investigação em Ciências Sociais (VIVE), a decisão é objeto de debate.
"Algumas camadas da população, nomeadamente as mulheres, consideram esta reforma injusta, invocando outros argumentos relacionados com o facto de serem apenas as mulheres a dar à luz. Mas, para uma grande parte da população, é igualmente importante que as mulheres tenham acesso ao serviço militar em pé de igualdade com os homens", disse à Euronews.
A medida faz parte de um reforço militar mais alargado por parte da nação nórdica. Em fevereiro, o Governo dinamarquês anunciou planos para reforçar as suas forças armadas através da criação de um fundo de 7 mil milhões de dólares (5,9 mil milhões de euros) que, segundo o Governo, iria aumentar as despesas com a defesa do país para mais de 3% do PIB este ano.
A Dinamarca, uma nação de 6 milhões de habitantes, tem cerca de 9.000 efectivos profissionais. As novas regras deverão elevar o número de pessoas que cumprem o serviço militar anualmente para 6.500 até 2033, contra 4.700 no ano passado.
Na Europa, o serviço militar é obrigatório para os homens em cerca de 10 países, incluindo a Finlândia, Chipre e Grécia.
Em 2013, o parlamento norueguês votou a favor do alargamento do serviço militar às mulheres. O serviço militar foi introduzido em 2016. Na Suécia, o serviço militar obrigatório foi suspenso em 2010, mas reintroduzido para ambos os sexos em 2017.
No entanto, esta mudança de direção exige medidas para garantir a igualdade de oportunidades e não só.
"O exército introduziu várias medidas. Em primeiro lugar, tentaram descobrir quais eram os problemas em termos de assédio sexual e discriminação contra as mulheres no exército. E deixaram bem claro que estes comportamentos eram indesejáveis no exército", disse a investigadora à Euronews.
Na Letónia e na Lituânia, também se levantaram vozes a favor do serviço militar universal.
As mulheres já estão integradas nos exércitos profissionais e representam cerca de 10% do pessoal militar na Europa.