A figura de proa do partido de extrema-direita francês recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos para tentar anular a condenação que lhe retirou a esperança de concorrer às eleições presidenciais de 2027.
Marine Le Pen apresentou um pedido ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) para que seja analisada a aplicação imediata da pena de inelegibilidade de cinco anos a que foi condenada após ter sido declarada culpada, em março, de desvio de fundos públicos, um crime com danos estimados em vários milhões de euros.
A filha do fundador do partido de extrema-direita foi condenada a quatro anos de prisão, dois suspensos e dois convertíveis em prisão domiciliária com pulseira eletrónica, o que significa que é pouco provável que seja encarcerada. Foi-lhe também aplicada uma coima de 100.000 euros.
Além disso, o juiz impôs-lhe uma proibição de exercer cargos públicos durante cinco anos, com efeito imediato.
Le Pen, que anunciou que vai recorrer da decisão, considerou a sentença “política” e “injusta”, apelidando a aplicação imediata da proibição de antidemocrática.
Na situação atual, está impedida de se candidatar às eleições presidenciais de 2027 ou mesmo ao cargo de deputada, caso sejam convocadas novas eleições legislativas antecipadas.
O facto de ser impedida de se candidatar às próximas eleições representa uma violação dos direitos humanos, declarou o Rassemblement National, em comunicado. O partido apela, assim, ao "respeito pela presunção de inocência" no caso de Le Pen.
Vários líderes políticos com ideias semelhantes, muitas vezes críticos da União Europeia, expressaram o seu apoio a Le Pen: desde o presidente dos EUA, Donald Trump, e o brasileiro Jair Bolsonaro, até ao italiano Matteo Salvini e ao neerlandês Geert Wilders.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, chegou mesmo a publicar "Je suis Marine" na rede social X, uma referência ao slogan "Je suis Charlie", que surgiu em solidariedade com o jornal satírico francês Charlie Hebdo, após o ataque terrorista islâmico de 2015 que matou 12 pessoas.
Espera-se agora que o TEDH abra um inquérito para avaliar a legalidade da execução imediata da sentença de inelegibilidade aplicada a Le Pen.