O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, está em Castel Gandolfo com o Papa Leão XIV. No início da tarde, será recebido pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. Eis as questões na agenda, após as reuniões de Zelenskyy com a "Coligação de Boa Vontade" e com os líderes da UE e da NATO.
Volodymyr Zelenskyy está em Itália, esta terça-feira, para reuniões com o papa Leão XIV e com a primeira-ministra Giorgia Meloni, após uma agenda repleta de conversações diplomáticas, na segunda-feira, em Londres e Bruxelas.
O dia do presidente ucraniano em Itália começou com uma reunião com o pontífice às 9:30 da manhã, hora local. Para o início da tarde, está prevista uma reunião com Meloni, que esteve ligada por videoconferência a uma reunião restrita da "Coligação de Boa Vontade" em Downing Street.
Nessa ocasião, a primeira-ministra italiana reiterou que "é fundamental aumentar o nível de convergência em questões que afetam os interesses vitais da Ucrânia e dos seus parceiros europeus" e a importância "da unidade de pontos de vista entre a UE e os Estados Unidos para alcançar uma paz justa e duradoura".
Até agora, Meloni tem procurado um meio-termo entre a proximidade do governo italiano à linha da Casa Branca em questões internacionais e as posições mais pró-ucranianas dos aliados europeus.
O jantar de Zelenskyy em Bruxelas com Rutte, Costa e von der Leyen
Na agenda das negociações bilaterais em Roma figura certamente a mediação para um acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia e, sobretudo, sobre as suas condições.
Zelenskyy voltou a excluir a hipótese de ceder territórios ucranianos, ocupados ou não, tendo falado de uma revisão do plano de paz a ser apresentado em breve à Casa Branca.
Quanto à União Europeia, a intenção é "continuar a apoiar firmemente o país", como expressaram a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, após um jantar em Bruxelas, na segunda-feira, com o líder ucraniano e o secretário-geral da NATO**, Mark Rutte**.
"As nossas propostas de financiamento estão em cima da mesa", disse von der Leyen, "o objetivo é uma Ucrânia forte, no campo de batalha e na mesa de negociações".
"Continuamos firmes no nosso apoio à Ucrânia", precisou a presidente do órgão executivo sediado em Bruxelas, numa mensagem publicada no X.Acrescentando que "a segurança da Ucrânia deve ser garantida a longo prazo como uma primeira linha de defesa da UE".
Por seu lado, Zelenskyy reiterou aos líderes europeus - ao primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ao presidente francês, Emmanuel Macron, e ao chanceler alemão, Friederich Merz, com quem se reuniu à tarde em Londres - que o governo ucraniano não tem "nem o direito legal, nem o direito moral" de ceder os seus territórios à Rússia.
"A Rússia insiste firmemente para que renunciemos aos territórios. Mas não queremos renunciar a nada. É por isso que estamos a lutar", afirmou Zelenskyy. Segundo referiu ainda, "os EUA estão a trabalhar para encontrar um entendimento que satisfaça ambas as partes".
O que é que os EUA querem de Kiev nesta fase
Parece, no entanto, de acordo com dois funcionários ucranianos citados pelo site Axios, que os EUA estão a pressionar Kiev para aceitar o plano de paz do presidente Donald Trump, de acordo com a conversa telefónica, de duas horas, do líder ucraniano no passado fim de semana com os negociadores americanos Steve Witkoff e Jared Kushner.
O plano para a Ucrânia, inicialmente apresentado em 28 pontos em Genebra, no início do mês, e depois corrigido a pedido de Kiev e Bruxelas, teria "piorado" após a reunião em Moscovo entre os enviados de Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada no Kremlin.
A mesma fonte disse que, durante o telefonema, os dois negociadores norte-americanos pareciam querer um claro "sim" de Zelenskyy ao plano de Trump: "Parecia que os Estados Unidos estavam a tentar vender-nos de diferentes maneiras a vontade russa de anexar todo o Donbass e que os americanos queriam que Zelenskyy aceitasse tudo durante a chamada telefónica".
Alexander B. Gray, antigo chefe do Conselho de Segurança Nacional durante o primeiro mandato de Trump e atualmente membro do Atlantic Council, sublinhou, em declarações ao Corriere della Sera, que "os EUA não querem a derrota de Kiev, mas uma solução realista".