Os "assassinos" invisíveis e ainda incontrolados na atmosfera

Em parceria com The European Commission
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Projeto europeu #DownTo10 tenta desenvolver ferramentas capazes de medir partículas venenosas com menos de 23 nanómetros expelidas por carros e motos

A União Europeia está a financiar um projeto de investigação para desenvolver ferramentas de medição capazes de controlar nanopartículas nocivas para a saúde, mas tão pequenas que ainda nem sequer é possível regulamentar as respetivas emissões.

A equipa de "Futuris", uma das rubricas de novas tecnologias da Euronews, deslocou-se a Salónica, na Grécia, para conhecer uma das equipas que está a trabalhar na busca de uma solução para este problema de saúde pública.

A poluição do ar é assustadora em Salónica, mas também em diversas noutras cidades europeias, como Lisboa, onde o tráfego motorizado é intenso.

Os novos motores são mais ecoeficientes, produzem menos CO2, mas ao mesmo tempo podem estar a libertar muitas outras partículas até aqui quase invisíveis.

O coordenador do projeto "Down To 10" ("Baixar para 10", em tradução literal), em Salónica, sublinha que "alguns carros, em especial os de gasóleo, e claro as motos, são muito poluentes da atmosfera" porque "podem emitir enormes quantidades de partículas tão pequenas que nem sequer podem ser medidas pelas atuais ferramentas e métodos."

"Por isso, estas partículas não estão ainda abrangidas pelos atuais regulamentos", acrescenta Zissis Samaras, o também diretor diretor do Laboratório de Termodinâmica Aplicada na Universidade Aristóteles.

As partículas abaixo dos 23 nanómetros de diâmetro libertadas pelo escape dos veículos podem penetrar nos pulmões e ser absorvidas pela corrente sanguínea, arrastando outras substâncias nocivas, agregadas num processo apelidado "envelhecimento atmosférico."

Os investigadores do "Down To 10" estão a tentar recriar em laboratório este "envelhecimento atmosférico."

"Como seres vivos, estamos a sofrer as consequências desta corrente de reações. O que estamos a tentar fazer é compreender melhor o problema, recolhendo a necessária informação para avaliarmos as tecnologias e os combustíveis que usamos, assim como os efeitos que eles provocam na saúde humana e não só", explicou-nos Samaras.

Entre as várias experiências realizadas, os investigadores conectam o tubo de escape de um veículo de teste aos instrumentos de medida das partículas ultrafinas que têm vindo a desenvolver.

O mesmo processo de "envelhecimento" que demora horas, e às vezes dias, na atmosfera, é acelerado neste sistema artificial e, ao mesmo tempo, as reações são simuladas em modelos computorizados.

"O conhecimento obtido nas experiências é um pouco limitado, mas a informática permite-nos maior precisão nas medições e isso ajuda-nos a melhorar ainda mais as experiências e a melhor entendermos o processo", defende Ananias Tomboulides, professor de engenharia mecânica na Universidade Aristóteles.

Não é possível estudarem-se as emissões reais dos veículos ficando no laboratório. Por isso, o sistema foi desenhado para caber num carro.

O veículo de teste pode circular pela cidade, regista as emissões ocorridas em ambiente real, com as variações da velocidade e parado.

"Assim que o motor é reiniciado e o acelerador pisado, podemos ver uma grande oscilação a vermelho. Isto mostra-nos as emissões detetadas", explica-nos o engenheiro mecânico Zisimos Toumasatos, ao volante de um dos carros de teste.

O próximo passo é colocar esta tecnologia no mercado. Os investigadores esperam que os fabricantes venham a usar o dispositivo para desenvolverem motores com menos emissões de nanopartículas e, com isso, antecipem o esperado apertar das regras europeias antipoluição.

"O objetivo é levar os motores de combustão interna a tornarem-se máquinas de 'emissões zero'. É a única possibilidade deles continuarem a desempenhar o papel que atualmente detém. De outra forma, teremos de nos livrar desses motores por completo e substituir os de combustão interna por outro tipo de motores", avisou Zissis Samaras.

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