Líderes religiosos apelaram à paz em Astana no Cazaquistão

Líderes religiosos apelaram à paz em Astana no Cazaquistão
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De  Galina Polonskaya

Sétimo congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais contou com delegações de mais de 50 países.

O Cazaquistão, país de grande riqueza étnica, que alberga 18 religiões diferentes, abriu, em setembro, as suas portas para um diálogo global interreligioso

A capital, Astana, acolheu o sétimo Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais, nos dias 14 e 15 de setembro. Delegações de mais de 50 países reuniram-se, apelando à paz e consolidação no mundo.

Askar Shakirov, vice-presidente do Senado do Cazaquistão, destacou a importância dos líderes espirituais.

"Os esforços dos líderes mundiais, os esforços das organizações internacionais não são suficientes para superar os desafios que a humanidade enfrenta. E a voz dos líderes espirituais, que têm grande autoridade entre a população mundial, apela à superação conjunta de todos os desafios. Isto é muito importante", referiu.

Várias religiões mundiais representadas no Congresso

O Islamismo, o Judaísmo, o Cristianismo e o Hinduísmo, bem como outras religiões mundiais estiveram representadas no Congresso. Este ano, o Papa Francisco,bem como o Grande Imã de al-Azhar, Sheikh Ahmed Al-Tayeb, estiveram entre os convidados de renome.

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Papa Francisco e Sheikh Ahmed Al-TayebEuronews

A imagem de líderes de tantas religiões mundiais, sentados juntos à mesma mesa, é uma forte mensagem para o mundo de unidade na diversidade.

"O principal resultado é que estamos sentados juntos, estamos a falar juntos e compreendemos que as soluções para os problemas do mundo não são encontradas durante as lutas ou guerras, mas sim quando nos sentamos juntos e conversamos", disse David Baruch Lau, representante de Israel no encontro.

Congresso pretende reintroduzir linguagem da paz e reconciliação no mundo

Um dos objetipos do Congresso é reintroduzir a linguagem da paz e reconciliação, num mundo abalado por conflitos. Para além disso, o evento pretende colocar a religião no centro das atenções, como um instrumento para ajudar a acalmar os confrontos.

"Esta é a plataforma perfeita para avançar, num mundo dividido por blocos, que são antagónicos. A civilização quer construir pontes de compreensão e respeito, hoje este entendimento de que estamos todos juntos é mais importante do que nunca", salientou Miguel Moratinos, alto representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações.

A declaração final do Congresso apela a que os líderes mundiais abandonem toda a retórica agressiva e destrutiva, que conduz à desestabilização do mundo. Exige o fim dos conflitos e do derramamento de sangue no mundo. Diz que o extremismo, o radicalismo, o terrorismo e todas as outras formas de violência não têm nada a ver com religião autêntica e devem ser rejeitadas.

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Representantes religiososEuronews

"Há que assinalar com pesar que alguns círculos políticos utilizam a religião como meio para atingir os seus objetivos. Para além disso, hoje podemos ver outras figuras religiosas que apelam à confrontação e à guerra. Todos devem sabê-lo e temos de lutar juntos contra isto", referiu Allahchukur Pashazade, Sheikh dos muçulmanos do Azerbaijão e presidente do Departamento Muçulmano do Cáucaso.

Participantes do Congresso plantaram árvores

Os participantes do Congresso plantaram árvores no novo parque da “Paz e Harmonia”, na capital do país. Esta cerimónia é um símbolo de esperança para que o diálogo interreligioso cresça e provoque mudanças, para unir diferentes comunidades em todo o mundo e para inspirar as pessoas a juntarem esforços em nome da paz.

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Líderes religiosos plantaram árvores.Euronews

"Falámos de paz global, mas eu diria que esses passos começam a nível local. Começam em todas as pequenas cidades onde cristãos e muçulmanos, talvez juntos, procurem alimentar quem tem fome. Temos um objetivo comum, mas já não olhamos para as nossas diferenças, reconhecendo a nossa preocupação comum perante aqueles que lutam ou sofrem", evidenciou Jo Biley Wells, representante da Igreja Anglicana no Congresso.

Os participantes do Congresso esperam que o seu apelo ao diálogo global, reconciliação e paz, baseado em valores comuns de humanidade, seja ouvido no mundo.

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