Líbano: O impacto económico do conflito sírio

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De  Euronews
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Nos últimos dois anos, o Líbano acolheu meio milhão de refugiados sírios, segundo a ONU. O governo fala de um desastre mas os economistas dizem que é um balão de oxigénio.

A economia libanesa está a desacelerar há três anos e, no ano passado, o país registou o primeiro défice público desde 2006.

No Líbano, ao contrário da Turquia ou da Jordânia, os refugiados sírios estão menos dependentes de ajudas do governo ou internacionais. Se alguns são abastados, outros criaram negócios ou encontraram trabalho, fomentando a procura por casas, alimentação e outros bens.

Ahmad Naasrani, originários de Homs, criou um restaurante-talho. Diz que “não foi difícil. Estamos a trabalhar para conseguir a licença e até agora não tivemos dificuldades”. Todos os seus empregados são sírios.

E esse é um ponto sensível. Para os libaneses, os refugiados são mão-de-obra mais barata, provocaram um aumento dos alugueres de casas e dos preços da alimentação e são um peso para os hospitais, transportes e setor energético, tendo em conta os cortes diários de eletricidade.

A economia libanesa mostra, assim, que não está ao abrigo da crise síria. Para saber mais sobre o assunto falámos com o economista e ex-ministro libanês das Finanças, Georges Corn.

Shaden Ellakkis, euronews: Que consequências vai ter na economia libanesa o afluxo de refugiados sírios ao Líbano?

Georges Corn, ex-ministro libanês das Finanças: Há dois pontos de vista no Líbano. O primeiro é económico. Considera que o afluxo dos refugiados ao Líbano estimula os mercados económicos, especialmente, o mercado imobiliário, sobretudo, devido aos sírios com posses. Mas também há quem se preocupe por não saber até que ponto o país pode suportar estas novas chegadas. Esse ponto de vista reflete uma visão política e social na análise do fluxo migratório para o Líbano. Um dos receios é que diminua a proporção de libaneses em relação ao número total de habitantes no país.

euronews: Quais são os efeitos do aumento do investimento e da mão-de-obra síria na economia libanesa?

G. Corn: Os operários sírios, especialmente, no setor da construção, trouxeram as famílias para o Líbano e registaram-se também como refugiados, por essa razão notamos o aumento do número de refugiados. Mas a mão-de-obra síria é um elemento essencial no sistema económico libanês.

euronews: O fluxo de refugiados tem um impacto negativo no setor turístico?

G. Corn: Pelo contrário. Por exemplo, em Beirute ou noutras regiões turísticas há apartamentos mobilados para alugar e os refugiados sírios substituíram os turistas que vinham dos países do Golfo.

euronews: Alguns dizem que o governo libanês não é capaz de controlar a economia libanesa nem os preços dos produtos. Como interpreta a falta de controlo?

G. Corn: É um fracasso crónico, mas não é recente. O governo pediu aos diferentes atores internacionais e árabes para ajudar os refugiados sírios, mas ao que parece, o governo libanês não recebeu respostas ao pedido.

euronews: Qual é a solução?

G. Corn: A solução é que a situação se acalme na Síria, para que os refugiados possam voltar ao país de origem.

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