Líbia pós-Kaddafi tornou-se plataforma de escavatura e tráfico humano

Líbia pós-Kaddafi tornou-se plataforma de escavatura e tráfico humano
De  Maria-Joao Carvalho com EFE
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Desde a queda de Kaddafi, em 2011, a Líbia tornou-se no principal trampolim do êxodo africano rumo à Europa. A situação está fora de qualquer

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Desde a queda de Kaddafi, em 2011, a Líbia tornou-se no principal trampolim do êxodo africano rumo à Europa. A situação está fora de qualquer controlo: o Estado está em falência, tem fronteiras extensas e porosas, com alguns dos países mais pobres e violentos do continente, deixando uma porta aberta ao tráfico de pessoas, com que lucram diferentes milícias e grupos terroristas.
O negócio representa 10% do PIB da Líbia, segundo o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Paolo Gentiloni, dinheiro que fica nas mãos dos criminosos.

O procurador de Palermo divulgou que os traficantes cobram até 5000 euros para levar os imgrantes dos países de origem até à Líbia, mais 1500, para a travessia de Itália e porteriormente dão 400 euros aos cúmplices neste país e mais 1500 para os sobreviventes que seguem para o norte da Europa. Por cada barco com 200 pessoas, cada membro de uma das redes de traficantes (e esclavagistas) desmantelada em Itália, recebia 80 mil euros.

Nasser, imigrante do Níger explica como são eficazes: – Se conseguirmos entrar num veículo rápido, para chegar aqui, vindos de Arlit, são três dias. Depende da estrada.

As principais rotas são as do Mali, do Níger e da Somália. Depois dividem-se pela costa líbia, de onde partem para a Europa, principalmente rumo a Lampedusa, Sicília e Malta.

A Líbia não é destino desta migração; há demasiada violência, a economia está em ruínas, os migrantes prosseguem a rota marítima rumo à Europa, depois de pagar com trabalho escravo, a sua viagem de alto risco, como Omar, sobrevivente da Gâmbia:

- Trabalhei na Líbia, trabalhei, era mais difícil de dia para dia. Era tão difícil que, mesmo arriscando tudo, resolvi tentar.

A violência é uma constante na Líbia, as fações armadas batem-se pelo controlo do país. De um lado, o exército dito regular, dirigido pelo controverso genral Khalifa Hafter, em nome do governo de Tobruk, e de outras forças islâmicas Maylis al Shura e Zuar de Benghazi.
O país não fez qualquer transição para a democracia e dois governos rivais auto-estabeleceram-se.

Em Tobruk, o governo reconhecido pela comunidade internacional é apoiado pelo Egito e pela Arábia Saudita; fez-se eleger num ato em que poucos participaram.
Em Tripoli, na capital, há outro governo rebelde que ninguém reconhece.

O enviado das Nações Unidas para a Líbia, Bernardino León, propôs, sem êxito até agora, uma solução para a reconciliação e unidade nacional: que o Parlamento de Tobruk seja a Câmara baixa e o de Tripoli o Senado do país.

Os clãs rebeldes e os grupos terroristas como a Al Qaida do Magreb Islâmico e, recentente o autoproclamado grupo Estado Islâmico tentam ganhar poder e reivindicaram uma série de atentados contra embaixadas em Tripoli.

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