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Amnistia Internacional: Migrantes fazem-se ao mar e mergulham numa onda de abusos

Amnistia Internacional: Migrantes fazem-se ao mar e mergulham numa onda de abusos
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Abuso sexual, sequestros e violência – é esta a realidade que os migrantes e os refugiados enfrentam na Líbia. Uma realidade revelada no mais recente

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Abuso sexual, sequestros e violência – é esta a realidade que os migrantes e os refugiados enfrentam na Líbia. Uma realidade revelada no mais recente relatório da Amnistia Internacional, intitulado: “A Líbia está cheia de crueldade”. Numa série de testemunhos, a organização humanitária destaca as histórias de pessoas que arriscam a vida, na travessia do Mediterrâneo, numa tentativa desesperada para chegar à Europa.

EU must ensure refugees & migrants fleeing conflict & humanrights abuses are NEVER pushed back to Libya. Read why: http://t.co/zOvTYtTza4

— AmnestyEurope (@amnestyeurope) Mayo 11, 2015

Há anos que a Líbia é o país de passagem para os que tentam chegar a território europeu, principalmente depois do início da guerra na Síria. Um país sem lei nem ordem relativamente aos migrantes, onde os traficantes abusam dos que fogem da pobreza e dos conflito, na África Subsaariana e no Médio Oriente.

A instabilidade do país reflete-se nos centros de detenção de imigrantes, onde milhares de pessoas são vítimas de abusos e vivem em condições sub-humanas.

Para tentarem chegar à Europa, os migrantes ficam nas mãos de traficantes sem escrúpulos e arriscam a vida, mas a travessia marítima continua a ser a mais viável.

A última tragédia aconteceu no mês passado, quando um barco afundou ao fazer a travessia a partir da Líbia e levou à morte de, pelo menos, 800 pessoas.

Que tipo de abusos acontecem na Líbia?

A Amnistia Internacional falou com migrantes que atravessaram o Mar Mediterrâneo, entre agosto de 2014 e março de 2015. Seguem-se alguns relatos:

Tortura

Mohamed, um refugiado somali, foi mantido em cativeiro pelos traficantes, no deserto líbio: “Entrei na Líbia através do Saara. Era muito perigoso, muitos morreram. No deserto, homens líbios torturavam-nos e batiam-nos com espadas, armas, pedras e Kalashnikovs. Batiam-nos todos os dias. Partiram-me um dedo e partiram um braço a um amigo meu. Não conseguíamos fugir. O meu amigo Mohamed tentou fugir e foi morto a tiro. Outro homem foi atingido na cabeça com uma pedra e morreu. Não comíamos nem bebíamos – só uma vez por dia e muito pouco”

Abuso Sexual

Uma mulher nigeriana disse ter sido violada por um gang, no seu primeiro dia em Sabha: “Cinco homens dos Asma (um gang de jovens ladrões armados) parou à nossa frente e obrigou-me, a mim e ao meu marido, a entrar no carro. Levaram-nos para um sítio afastado da cidade, no deserto. Amarraram as mãos e as pernas do meu marido a um poste e violaram-me diante dele. Ao todo eram 11 homens: os cinco que nos obrigaram a entrar no carro e outros seis que se juntaram a eles depois, no deserto”.

Extorção

Um rapaz de 17 anos, da Costa do Marfim, diz que os traficantes o entregaram a um grupo criminoso, assim que chegou à Líbia. Foi mantido em cativeiro, numa casa, durante quatro meses e só tinha direito a uma refeição por dia: “Torturaram-nos para nos obrigar a telefonar à nossa família, para lhes extorquir dinheiro. Senão não saíamos dali. Na manhã seguinte, o diretor da prisão veio falar connosco, a dizer que a nossa família família tinha de transferir dinheiro para seu irmão, no Gana – que assim que ele recebesse o dinheiro seríamos libertados. Disse-lhe que não tinha família, que tinham todos morrido. Ele respondeu-me que se eu não pagasse ia juntar-me a eles. Comecei a chorar e eles começaram a bater-me com um cinto e com o cabo de vassoura. Os outros prisioneiros tentaram intervir, mas também foram espancados.”

Violação em centros de detenção de imigrantes

Uma mulher nigeriana contou a sua experiência num centro de detenção de imigrantes em Sabratah: “Fiquei na prisão durante dois meses. Era uma prisão feminina, mas todos os guardas eram homens.

“À noite vinham para os nossos quartos e tentavam dormir connosco. Algumas mulheres foram violadas. Uma delas ficou grávida depois da violação. A mim ninguém me tocou, porque estava grávida. Foi por isso que decidi ir para a Europa. Sofri muito na prisão.

Uma das mulheres grávidas morreu – não sabemos exatamente o que aconteceu ao corpo. Bateram-lhe na barriga – estava grávida de sete ou oito meses e morreu.”

Imagens: Migrantes esperam o transporte para um centro de imigração, na cidade costeira de Misrata, Líbia, 9 de maio de 2015. REUTERS/Ismail Zitouny

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