EUA reforçam arsenal da NATO na Europa central e de leste

EUA reforçam arsenal da NATO na Europa central e de leste
De  Francisco Marques com Lusa, Reuters
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Uma semana depois de Moscovo ter denunciado "o passo mais agressivo dado pelo Pentágono desde a Guerra Fria", Estados Unidos confirmam reforço militar na região dos Báltico.

Os Estados Unidos vão posicionar, pela primeira vez, armamento pesado nos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) na Europa central e de Leste. A medida visa tranquilizar os respetivos Estados membros e refrear eventuais atos de agressão externos.

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O reforço militar na região do Báltico é confirmado cerca de uma semana após o ministro da Defesa russo, Yuti Yakubov, ter denunciado esta, então, eventual deslocação de artilharia americana para países do leste da Europa e dos Bálticos como “o passo mais agressivo dado pelo Pentágono desde a Guerra Fria”.

No dia seguinte, o próprio Vladimir Putin anunciou, curiosamente, o reforço do arsenal nuclear russo “este ano” com “mais 40 novos mísseis balísticos intercontinentais, capazes de superar os mais sofisticados sistemas de defesa antimíssil.”

Os responsáveis da NATO mostram-se atentos às movimentações russas e sensíveis às preocupações dos Estados membros. De visita a Tallin, o secretário de Defesa norte-americano admitiu que a Rússia foi tema de conversa com os ministros da Defesa da Estónia, da Lituânia e da Letónia.


“Infelizmente, tivemos de gastar algum tempo a falar das tentativas da Rússia de fazer o relógio voltar para trás na Europa. Em especial na região do Báltico”, afirmou, em conferência de imprensa, Ash Carter.

Ao lado do responsável norte-americano, o homólogo estónio rejeitou, contudo, a ideia de um braço de ferro com a Rússia. “Não estamos a falar em entrar numa nova corrida às armas tipo ‘Guerra Fria’. Não é nossa intenção um braço de ferro com Putin nem sequer colocar um tanque por cada tanque russo ou um helicóptero por cada helicóptero russo na região do Mar Báltico”, esclareceu Sven Mikser.


“A Estónia, assim com a Lituânia, Letónia, Bulgária, Roménia e a Polónia aceitaram acolher material suficiente para equipar entre uma companhia e um batalhão. Este material vai circular na região para treinos e exercícios”, precisou Carter, especificando que o arsenal a ser deslocado — “veículos de combate e equipamentos associados” — será o suficiente para “uma brigada”, o que, nos Estados Unidos, normalmente integra 5000 homens.

As armas pesadas norte-americanas serão assim deslocadas pela primeira vez em países que aderiram à NATO e que, antes da queda do Muro de Berlim (1990), pertenciam à esfera de influência da União Soviética. Entre os ministros da Defesa de países do Báltico, o responsável norte-americano citou o respetivo Presidente, Barack Obama, em jeito de promessa: “Vocês já perderam a vossa independência uma vez. Com a NATO, nunca mais a irão perder.”


“Os Estados Unidos e o resto da aliança da NATO estão totalmente comprometidos na defesa da integridade territorial da Estónia, da Letónia e da Lituânia”, acrescentou Ash Carter.

Atitude russa cria receio nos “vizinhos”


Vários países do Báltico e outros da Europa de leste têm revelado alguma preocupação face à Rússia, em especial depois da anexação unilateral da Crimeia à Ucrânia e do agravar do conflito separatista pró-russo no leste ucraniano. De acordo com os fundamentos da NATO, a agressão militar a um qualquer Estado membro será entendido como um ataque a todos os outros.

Os últimos meses têm sido aproveitados pelas forças da NATO para deslocar meios para a região leste da Europa e a realização de diversos exercícios militares, em terra, no mar ou no ar. A Rússia vê nessas movimentações junto às suas fronteiras como uma violação dos acordos celebrados após a Guerra Fria. O ocidente rejeita qualquer violação dos referidos acordos.

Ao mesmo tempo que a NATO tem realizado exercícios militares, a Rússia também tem feito várias exibições de força militar nos limites das suas fronteiras. O braço de ferro não é assumido, mas de certa forma ele já está a fazer-se sentir na região, com a Rússia cada vez mais “nervosa” até pela pressão económica imposta pelas sanções do ocidente devido à alegada ingerência de Moscovo na Ucrânia.

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