Impostos dão receitas inesperadas ao governo grego

Na Grécia vivem-se duas realidades totalmente diferentes. A daqueles que lutam para sobreviver, com os baixos salários ou pensões – e que veem os seus problemas acrescidos com a crise dos bancos que limita, em muito, a disponibilidade financeira – e a dos que têm poupanças, maiores ou menores, e que temem que o Estado fique com o seu dinheiro e, por isso, estão a gastá-lo – em bens de consumo, por exemplo – para que isso não aconteça.
Também os comerciantes e empresários estão a seguir a mesmo caminho, pelos mesmos motivos. Segundo o site do jornal grego «Naftemporiki» há fornecedores que dizem que faturas que, normalmente, os clientes levariam três meses para liquidar, estão a ser pagas em dois ou três dias.
Os gregos estão dispostos a pagar as suas dívidas e a gastar mais, aqueles que podem, mas não por motivos altruístas ou para demonstrar solidariedade para com Alexis Tsipras, ao ajudarem a aumentar as receitas fiscais. Os gregos lembram-se do que aconteceu em Chipre, em 2013, quando, pela primeira vez, clientes europeus de bancos cipriotas perderam dinheiro como parte de um pacote de resgate dos bancos. Nessa altura, foi apenas visado quem detinha mais de 100.000 euros de economias, mas na Grécia teme-se que, desta vez, a situação seja diferente e, por isso, prefere-se ter o mínimo de dinheiro possível nos bancos. Em teoria, em toda a União Europeia, depósitos até 100.000 euros estão protegidos, mas o Financial Times diz que as autoridades podem contornar o problema, através de uma medida extraordinária, ou seja, um imposto sobre os depósitos.
A situação chegou ao ponto de um joalheiro, citado pelo New York Times, abdicar de uma venda, de pouco menos de um milhão de euros, por preferir manter as suas jóias por considerá-las um bem mais seguro.
A Grécia vive momentos críticos, de facto, mas, com estas transações “desesperadas” dos gregos, o Estado já arrecadou, em impostos (IVA, IRC, IRS, etc.), mil milhões de euros.
Não quer isto dizer que, como diz o ditado popular: “grão a grão enche a galinha o papo”, já que, o buraco da Grécia não se preenche com alguns grãos. Segundo estimativas do Eurostat, a dívida grega, em setembro passado, ascendia a 176% do Produto Interno Bruto, cerca de 315.509.000.000 euros.