Terrorismo "atinge" turismo turco e francês: Portugal é alternativa

Terrorismo "atinge" turismo turco e francês: Portugal é alternativa
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De  Francisco Marques com reuters, expresso, dinheiro vivo
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O terrorismo faz cada vez mais parte do dia-a-dia da Europa. Os ataques recorrentes na Turquia, em França e agora na Bélgica ameaçam abalar com o

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O terrorismo faz cada vez mais parte do dia-a-dia da Europa. Os ataques recorrentes na Turquia, em França e agora na Bélgica ameaçam abalar com o setor no centro da Europa, mas, do outro lado da moeda, estão países ainda a salvo desde drama do novo milénio. É o caso de Portugal, onde este ano se espera um aumento na ordem dos 20 por cento em termos de turistas alemães, estima a associação alemã das agências de viagens (DVR).

A Turquia e, por norma, um destino preferencial entre germânicos, mas a recente onda de violência e atentados no país que estabelece a ponte entre o Médio Oriente e a Europa estará a retrair os turistas alemães. “Portugal é um país com uma tremenda riqueza para o turismo. Não se limita a oferecer sol e o mar com praia, mas também um turismo de cidade, designadamente em Lisboa e Porto, que é muito apelativo”, sublinhou Norbert Fiebig, presidente da DVR, destacando ainda os programas disponíveis em Portugal envolvendo caminhadas, parques naturais ou golfe. “O país dispõe de muitas e boas ofertas”, concretizou, mas a principal, nesta altura, acrescentamos nós, será a distância dos recentes alvos terroristas.

De acordo com a DVR, em 2015 Portugal atingiu o recorde de 1,1 milhões de turistas alemães, um crescimento de 10 por cento face ao ano anterior. A “evolução positiva” vai manter-se em 2016, com o número de reservas efetuadas em janeiro a sinalizar já um aumento de 20 por cento.

#Estatísticas#Turismo#Portugalhttps://t.co/hpvbLSSbqCpic.twitter.com/3jgcI4f0n7

— Turismo de Portugal (@turismoportugal) 22 de março de 2016

A situação na Turquia não será alheia a esta maior procura de Portugal entre os alemães. Ainda assim, os turistas também dão mostras de maior resiliência face a estes ataques terroristas. Após o atentado suicida em janeiro junto a uma mesquita de Istambul, onde morreram uma dezena de pessoas, quase todas alemãs, um colombiano lamentava não ter mais dias de férias para continuar a conhecer aquela cidade turca e à sua maneira deixar também uma mensagem aos terroristas: “Apenas me resta um dia de férias, mas se tivesse mais, continuava aqui. O terrorismo não nos deve deter. Temos de ser corajosos face a ele.”

O setor do turismo na Turquia poderá vir a perder este ano cerca de 7 mil milhões de euros devido ao medo provocado pelos atentados aleatórios que têm atingido, em especial, Ancara e Istambul. A que se soma ainda a crise de migrantes e refugiados, que afeta a zona costeira do ocidente turco e, por conseguinte, as ilhas gregas ali tão perto.

Em França, os hotéis já terão perdido quase 300 milhões de euros desde os ataques de 13 de novembro em Paris. Ainda assim, Pedro Costa Ferreira, o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, revelou ao Dinheiro Vivo que as reservas de turistas portugueses para visitarem a Euro Disney, nos arredores da capital francesa, superam as registadas há um ano.

“O que temos aprendido é que estes atentados não fazem com que a cidade onde ocorrem fique a ser considerada perigosa pelos turistas. Vemos isso com cidades com Paris ou Madrid, que tem hoje o mesmo número de turistas ou até mais”, afirmou Pedro Costa Ferreira.

After terrorism in Paris, Istanbul, Jakarta & Burkina Faso, world tourism will decline. By how much? pic.twitter.com/pt86E2pYvR

— HigherIntelligence (@smartaura) 16 de janeiro de 2016

Dias depois dos atentados de Paris, a 13 de novembro, um turista americano de nome Matt lamentava o atual estado das coisas mas considerava que a sociedade se estava a adaptar a esta nova realidade: “Infelizmente, as pessoas estão a habituar-se ao terrorismo na nossa sociedade e, por isso, já não alteram as suas vidas por causa destes ataques. Podem faze-lo de uma forma temporária, mas com o tempo as pessoas percebem que têm de continuar a viver as suas vidas, têm de seguir com o dia-a-dia. Penso que com os turistas será o mesmo.”

Este novo milénio começou com o ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque e ao Pentágono, em Washington, a 11 de setembro de 2001. Terá sido, porventura, o primeiro atentado terrorista visto em direto por todo o mundo. Quase 3 mil pessoas morreram. O mundo ficou aterrorizado e os Estados Unidos, liderados por George W. Bush, lançaram-se numa alegada guerra desenfreada contra a Al-Qaida no Iraque e no Afeganistão.

Em março de 2004, a estação de comboios de Atocha, em Madrid, foi alvo de um outro atentado terrorista. De novo, pela Al-Qaida. Mais de 190 pessoas morreram. Em julho de 2005, foi no metro de Londres: 56 pessoas foram mortas em mais um ataque reivindicado por extremistas islâmicos.

O turismo tem-se recuperado cada vez melhor. Os hotéis nova-iorquinos levaram quase três anos a recuperar do 11 de setembro. Em Madrid, bastou um ano. Em Londres, nove meses. Agora, é Paris, Istambul, Bruxelas… ainda é cedo para aferir os impactos no turismo local, mas as estimativas não parecem boas, em especial na Turquia.

Nas bolsas, as empresas ligadas ao turismo têm sido penalizadas, mas em Portugal, esta Páscoa, as agências de viagens antecipam aumentos de 5 a 7 por cento na venda de programas de ferias para destinos como Miami, São Tomé, Republica Dominicana, Brasil, Espanha, Madeira e Açores.

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