Líbia: Líder do governo de transição ignora avisos e desembarca em Tripoli

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De  Francisco Marques com reuters
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Sete membros do conselho apoiado pelas Nações Unidas para assumir os destinos da Líbia e acabar com o atual caos no país chegaram esta quarta-feira à

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Sete membros do conselho apoiado pelas Nações Unidas para assumir os destinos da Líbia e acabar com o atual caos no país chegaram esta quarta-feira à base naval de Abusita, em Tripoli, após uma viagem de barco de 12 horas desde a Tunísia. A liderar o grupo está o primeiro-ministro desejado pela ONU para o denominado Governo de Acordo Nacional, Fayez al-Saraj.

A viagem desta delegação não se revelou fácil. Na capital líbia está ativo um autoproclamado governo, não reconhecido internacionalmente e que fez várias ameaças contra a anunciada viagem da delegação liderada por Fayez al-Saraj, tendo inclusive conseguido encerrar o espaço aéreo de Tripoli para impedir a eventual deslocação do grupo por avião.

Libye : l'ONU se félicite de l'arrivée du Conseil de la présidence à Tripoli https://t.co/6TSlrM2IpTpic.twitter.com/0Qs1ef07JB

— Nations Unies (ONU) (@ONU_fr) 31 de março de 2016

(Líbia: a ONU felicita-se pela chegada do conselho da Presidência a Tripoli.)

O grupo apoiado pela ONU garante ter acordado um plano de segurança com a polícia local, forças militares em Tripoli e alguns grupos armados antes de se fazer ao mar.

A rendição do autoproclamado governo não reconhecido pela ONU e o estabelecimento de tréguas com vários grupos armados ativos no país é um dos objetivos propostos, mas a instalação do novo governo não se afigura fácil. Ainda assim, Fayez al-Saraj mostra-se otimista em conseguir congregar os interesses de todos os líbios no mesmo sentido.

“Com a ajuda de Deus e o apoio de todos, vamos trabalhar para criar um estado com instituições e lei. Vamos trabalhar num cessar-fogo e para pôr fim ao derrame de sangue na Líbia. Vamos juntar todos os líbios para enfrentarmos os perigos do ‘Daesh’”, perspetivou Fayez al-Saraj, confiante em conseguir iniciar diálogos com todos os líbios, “independentemente das suas atitudes políticas.”

Tripoli authorities tell UN-designated leader to leave Libya capital https://t.co/GTxlZVWYDPpic.twitter.com/yOFGC4eAMD

— FRANCE 24 English (@France24_en) 30 de março de 2016

(Autoridades de Tripoli avisam o líder designado pela ONU para deixar a capital libia.)

O primeiro-ministro desejado pela ONU afirmou desde logo que “o governo de salvação estava a trabalhar com entidades judiciais e legislativas, com todas as instituições do Estado e com organizações não-governamentais, assim como com os líderes comunitários, para dar os passos necessários e salvar o país da ameaça de caos e de uma intervenção estrangeira.”

Ataque a estação de TV

Um grupo armado invadiu quarta-feira à noite a sede da estação de televisão Al-Nabaa, em Tripoli. Alguns dos invasores apresentaram-se com uniformes militares, outros à civil. O grupo impôs o corte da emissão do canal, tido como próximo da autoridade vigente na capital, e obrigou os funcionários a abandonar o local. Um jornalista do Al-Nabaa contou que os invasores “mostraram-se favoráveis ao governo de Fayez al-Saraj.”

Desde a queda e morte de Muamar Kadafi, em 2011, que a Líbia é palco de uma sangrenta luta pelo poder, na qual também já se intrometeu o grupo terrorista Estado Islâmico, e se tornou também um significativo ponto de partida de migrantes e refugiados rumo à Europa, via Itália. Em Tripoli, há vários grupos armados rivais e ativos, que podem manter em risco uma transição pacífica de governo. Após o desembarque da delegação apoiada pela ONU, ouviram-se tiros na capital líbia, o que se prolongou pela noite, e algumas das artérias principais da cidade foram cortadas por grupos armados com kalachnikovs, adianta a AFP. Pelo menos duas companhias aéreas, a Afriquiyah Airlines e a Libyan Airlines, anunciaram pelo Facebook o cancelamento de voos com destino a Tripoli devido a “problemas de segurança.”

Para já, Fayez al-Saraj pretende para já a reunir o seu executivo de 18 elementos na base naval de Abusita, sob proteção de milícias oriundas da cidade de Misrata, localizada cerca de 190 quilómetros a leste da capital.

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