Síria: Rússia e regime de Bashar al-Assad recusam eventual crime de guerra em Sarmada

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De  Francisco Marques  com SANA, TASS, REUTERS
Síria: Rússia e regime de Bashar al-Assad recusam eventual crime de guerra em Sarmada

O exército às ordens de Bashar al-Assad e a força aérea russa que tem ajudado o regime sírio a combater alegados grupos terroristas rejeitam responsabilidades no mortífero bombardeamento de quinta-feira sobre um campo de refugiados no norte da Síria. No Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, há quem admita estar em causa um crime de guerra, no qual morreram pelo menos 30 pessoas e mais de 80 ficaram feridas.

Em declarações difundidas pela agência russa TASS, Igor Konashenko, porta-voz do Ministério Russo da Defesa, garante que nenhum avião sobrevoou mesmo a zona atingida entre quarta e quinta-feira. “Nós estudámos de forma aprofundada os dados dos dias 4 e 5 de maio registados pela monitorização do espaço aéreo referido. Nenhum avião russo ou qualquer outro aparelho sobrevoou a zona de Sarmada”, afirmou Konashenko.

Desde Damasco surgiram também declarações do Comando-Geral do Exército e das Forças Armadas sírias a desmentir a participação das forças do regime no trágico ataque. “Temos informação de que alguns grupos terroristas começaram recentemente, com diretivas de conhecidas entidades estrangeiras, a atacar alvos civis de forma deliberada para provocar largos número de vitimas entre civis e depois acusar o exército árabe sírio”, lê-se num comunicado difundido pela agência de notícias local, a SANA.

O responsável russo também sugeriu que o ataque ao campo de refugiados poderia ter sido alvejado por terroristas. “A julgar pelos sinais da destruição observados nas fotos e nos registos de vídeo, o campo de refugiados pode ter sido atacado, de forma deliberada ou por engano, com um múltiplo lança roquetes do tipo de artilharia que o grupo terrorista Frente al-Nusra tem vindo a utilizar na região”, afirmou Konashenko.

Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, afirmou que “pelo menos 30 pessoas morreram”, mas que “podem ser mais”. “De facto, parece-me impossível que tenha sido um acidente. Qualquer pessoa a sobrevoar a zona vê claramente ali um campo de refugiados. Parece-me, por isso, claro que isto foi deliberado e, se se confirmar, trata-se de um crime de guerra”, advertiu.

O campo de refugiados atingido situa-se próximo à cidade de Sarmada, província de Idlib, junto à fronteira com a Turquia e a ocidente da Alepo, onde um cessar-fogo deveria estar neste momento em vigor.

Na verdade, também os combates no terreno prosseguem naquela província. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos admite a morte de 70 pessoas em resultado dos violentos confrontos em Khan Tuman, a sul de Alepo, entre forças do regime sírio e rebeldes afetos à Al Qaida.