"Brexit": George Osborne tenta tranquilizar mercados, mas fracassa

Access to the comments Comentários
De  Patricia Cardoso  com REUTERS, LUSA
"Brexit": George Osborne tenta tranquilizar mercados, mas fracassa

A economia do Reino Unido terá de ajustar-se à nova situação, mas o ministro britânico das Finanças estima que o país está preparado e equipado para fazer face aos desafios que implicam a saída da União Europeia.

Esta segunda-feira, na primeira declaração após o referendo, George Osborne tentou tranquilizar os mercados, antes de uma nova sessão.

George Osborne defendeu: “Os mercados talvez não esperassem este resultado do referendo, mas o Ministério das Finanças, o Banco de Inglaterra e a Autoridade de Conduta Financeira passaram os últimos meses a implementar planos de contingência para fazer face aos efeitos imediatos do resultado. Nas últimas semanas, nós e a Autoridade de Regulação Financeira trabalhámos sistematicamente com cada uma das grandes instituições financeiras para ter a certeza de que estavam prontas a lidar com as consequências do voto a favor da saída”.

As palavras de Osborne surtiram poucos efeitos nas bolsas.

Os mercados continuam nervosos. As bolsas europeias estão em forte queda e a divisa britânica paga o preço da incerteza.

As ações do setor bancário registavam importantes quedas e os títulos dos bancos Barclays e Royal Bank of Scotland (RBS) foram temporariamente suspensos.

Os bancos estão entre os mais castigados pela volatilidade dos mercados devido ao “Brexit”.

Mesmo assim, Mike Ingram, analista da BGC Partners, considera que não se vai repetir o cenário de 2008: “Houve uma certa dose de contágio nos mercados internacionais, mas não penso que haja alguém a dizer que estamos a assistir ao fracasso sistémico do sistema financeiro mundial. As autoridades fizeram um bom trabalho para melhorar e aumentar a resiliência do sistema financeiro mundial. Como referiu George Osborne, os bancos no Reino Unido têm perto de dez vezes o capital que tinham em 2007 e 2008”.

Na sessão desta segunda-feira, a libra atingiu mínimos de 31 anos face ao dólar. Chegou a valer 1,31 dólares.

A divisa britânica registou também o valor mais baixo em dois anos em relação ao euro.

Os investidores apostam nas obrigações, no ouro e no iene e estimam que o Banco de Inglaterra vai cortar em breve as taxas de juro.