Interpol já identificou 10 mil crianças vítimas de abuso sexual

Interpol já identificou 10 mil crianças vítimas de abuso sexual
De  Euronews

A base de dados sobre a exploração internacional de crianças foi lançada em 2007 - entrevista com o responsável.

Todos os dias, circulam pela Internet milhares de imagens de pornografia infantil, imagens que documentam abusos a crianças, às vezes com apenas algumas semanas.

Por muito que os políticos digam que estão a agir (contra os abusos a crianças), isso não se traduz na ação da polícia.

Mick Moran Chefe do departamento de comunidades vulneráveis

Desde 2007, a Interpol tem em funcionamento uma base de dados sobre a exploração internacional de crianças – um dispositivo que, segundo anunciou agora, já permitiu identificar 10.000 vítimas.

A repórter da euronews Joanna Gill falou com Mick Moran, chefe do departamento de comunidades vulneráveis, na sede da Interpol em Lyon.

Entrevista

Joanna Gill, euronews: Atualmente, há 49 países a usar esta base de dados, por que razão não há mais? Há falta de recursos, falta de vontade ou problemas jurídicos a impedir uma melhor cooperação?

Mick Moran: Um dos fatores-chave é a falta de apoio político. Por muito que os políticos digam que estão a agir, isso não se traduz na ação da polícia. Há uma grande competição pelos recursos.

A privcidade online tornou-se num tema de de direitos cívicos. Como pode haver um equilíbrio com a proteção das crianças vulneráveis?

Muitas vezes, quando temos uma vítima ou uma criança identificada como vítima de abusos, as restrições de privacidade fazem o caso esfumar-se, infelizmente.

As empresas de redes sociais são pouco cooperantes nesta matéria?

Não vou dizer o nome de nenhuma empresa. Sim, algumas são completamente inúteis, ignoram este tema e gostam de falar de privacidade. A essas empresas, só tenho a dizer que parem de se esconder atrás desses subtrefúgios. Reconheçam a responsabilidade que têm e a necessidade de ter normas de segurança desde o início.

Ao ler as experiências dos peritos que trabalham nestes casos, há detalhes que certamente lhe tiram o sono. O que é que o faz querer continuar a fazer este trabalho?

Há um caso nas Filipinas de que me lembro. Este caso foi revelado através da nossa base de dados. Neste caso particular, o abuso foi acompanhado por uma violência extrema e sofrimento físico por parte das crianças. Pode imaginar o vídeo, sobretudo o som… Os gritos das crianças. Isso faz com que este trabalho seja muito difícil, sobretudo o sentimento de impotência. É daí que vem a paixão dos investigadores. Do facto de podermos lutar contra essa impotência através de uma investigação séria, através do trabalho conjunto. Investigamos todas as pistas até ao fim, com vista a identificarmos estas crianças, pararmos o abuso e fazermos os culpados pagar pelo que fazem.

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