A pouco mais de três meses da eleição presidencial em França, as ações de campanha começam a aumentar de ritmo e François Fillon, candidato da direita escolhido durante as primárias de novembro, enfre
A pouco mais de três meses da eleição presidencial em França, as ações de campanha começam a aumentar de ritmo e François Fillon, candidato da direita escolhido durante as primárias de novembro, enfrenta o primeiro grande obstáculo. O jornal satírico, “Le Canard Enchainé”, desvendou ontem que a esposa de Fillon terá sido sua assessora durante oito anos tendo recebido cerca de meio milhão de euros. O pior é que Penélope Fillon sempre se afirmou dona de casa. O candidato reagiu assim, esta manhã:
“Vejo que o lançamento das bombas de mau cheiro já começou. Não farei nenhum comentário, porque não há nada a comentar. E gostaria de dizer que estou escandalizado pelo desprezo e pela misoginia deste artigo. Só porque é minha mulher não tinha o direito de trabalhar?
Mas não é ter empregado a mulher que causa problemas a François Fillon é saber se ela, de facto, trabalhou. Na lei francesa nada impede um familiar de ser colaborador de um deputado, mas os empregos fictícios são severamente punidos. A justiça abriu um inquérito.
Emmanuel Macron, o eletrão livre desta campanha, esteve, por seu turno, no Líbano. Um exercício de treino ao nível internacional para o ex-ministro da Economia, que fundou o movimento progressista “Em Marcha”. Macron é a espinha na garganta tanto da direita como da esquerda. O seu movimento, apartidário, atrai simpatias de todo o espetro político.
Há mais de 40 nomes em circulação sobre uma potencial candidatura, mas, para já, os candidatos declarados são: Jean-Luc Mêlanchon, da França Insubmissa; Hamon ou Valls, da Bela Aliança Popular; Yannick Jadot, da Europa-Ecologia -Os verdes; Emmanuel Macron, do Movimento em Marcha; François Fillon, dos Republicanos e Marine le Pen, da Frente Nacional.
Um espetro político bem fragmentado, mesmo nos campos onde devia ser mais unido. Manuel Valls e Benoit Hamon são os finalistas da primária da esquerda, mas defendem posições irreconciliáveis, nomeadamente sobre a questão do rendimento universal proposta por Hamon.
“Quando se constroi uma campanha com esta promessa é porque somos negociantes de areia, de ilusões, porque esta questão vai criar desilusões”, ataca Valls.
Hamon responde: “Dizer que Benoit Hamon é o candidato do fim do trabalho, é absurdo. A preguiça está na vontade de não mudar nada”.
Duas esquerdas, uma que se diz realista e outra inovadora e muito mais social. Valls carrega o fardo do mandato de François Hollande de quem foi primeiro-ministro; Benoit Hamon faz parte dos desertores descontentes do governo. No domingo saberemos qual destes dois socialistas será o candidato da Bela Aliança Popular.