Netanyahu de visita a Londres para reforçar laços com o Reino Unido

Se a posição do Reino Unido em relação a Israel tem sido um pouco ambígua nos últimos tempos, o primeiro-ministro israelita sente que os ventos sopram a favor. Benjamin Netanyahu foi claro nos seus propósitos pouco antes de embarcar rumo a Londres para um primeiro encontro com Theresa May:
“Vivemos um momento de oportunidades e desafios diplomáticos que emanam do facto de existir uma nova administração em Washington e um novo governo no Reino Unido. Quero falar com os dois sobre o fortalecimento das relações bilaterais e trilaterais”, afirmou à porta do avião.
Enquanto as imagens da evacuação do colonato judeu ilegal de Amona davam a volta ao mundo, Israel decide, pela primeira vez desde o final dos anos 90, construir um novo colonato na Cisjordânia.
Desde que Donald Trump tomou posse, Telavive já anunciou a construção de mais 6000 casas em colonatos existentes.
Netanyahu deseja que a posição britânica se alinhe com a da nova administração norte-americana. No final do mandato de Obama, em dezembro, Londres ajudou a preparar e a aprovar uma resolução a condenar os colonatos israelitas, que pela primeira vez não foi vetada pelos Estados Unidos.
Netanyahu não gostou, mas Trump apressou-se a ‘twitar’ que, nas “Nações Unidas, as coisas serão diferentes depois de 20 de janeiro”, dia da sua tomada de posse.
As to the U.N., things will be different after Jan. 20th.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 23, 2016
Israel pensou contar com o apoio incondicional da nova administração norte-americana à política de expansão dos colonatos. Mas, nos últimos dias, a Casa Branca explicou que se, por um lado, não considera que “a existência de colonatos seja um obstáculo à paz”, a construção de novos e a expansão dos existentes “não ajudam a alcançar esse objetivo”.
Netanyahu tem razões para sorrir antes do encontro com Trump agendado para meados desde mês de fevereiro. Os Estados Unidos sempre foram um aliado de Israel face a uma Europa mais critica. Com a ponte que se desenha na aliança entre Londres e Washington, Netanyahu espera um apoio mais vincado à sua causa expansionista depois da saída do Reino Unido da União Europeia.
Sinal da divergência com a Europa foi a recusa de Londres em enviar uma delegação oficial a Conferência de Paris sobre o Médio Oriente, organizada, em janeiro, pelo governo francês e que contou com a presença de mais de 30 ministros dos Negócios Estrangeiros e representantes de 70 países.
O Reino Unido considerou existirem “riscos que a conferência endurecesse posições” e prejudicasse os esforços de paz, até porque israelitas e palestinianos não participaram no encontro. Na União Europeia, a posição de Londres foi vista na Europa como uma forma de agradar a Trump no novo alinhamento de posições que se perfila no horizonte.