A vitória de Emmanuel Macron nas presidenciais francesas criou entusiasmo dentro e fora de portas, mas esta eleição deixa um país profundamente dividido.
A vitória de Emmanuel Macron nas presidenciais francesas criou entusiasmo dentro e fora de portas, mas esta eleição deixa um país profundamente dividido.
Os eleitores das cidades votaram essencialmente pelo projeto pró-europeísta e progressista de Macron; a França rural e o nordeste industrial empobrecido escolheram o isolacionismo e a promessa de virar as costas à União Europeia avançada por Marine Le Pen.
Macron obteve a maioria na quase totalidade dos departamentos do território francês menos no Aisne, no Pas de Calais, – o feudo político de Marine Le Pen – e alguns da costa mediterrânica, como o sul da Córsega. A parte ocidental da França, que vota tradicionalmente à esquerda votou massivamente Macron. Os melhores resultados do presidente eleito foram alcançados em Paris, com cerca de 90%, Lyon (75%) e Bordéus (85%).
Mas os franceses nobilizaram-se menos. A abstenção foi a mais alta dos últimos 48 anos. Chegou aos 25%, mais 5 pontos dos que em 2012; mais 9 do que em 2007.
Também os votos brancos e nulos atingiram valores record. Só os brancos rondaram os 9%
Desta vez, Macron não conseguiu a frente republicana que derrotou em 2002 Jean-Marie Le Pen , quando ele passou à segunda volta frente a Jacques Chirac. Na altura, a França uniu-se para barrar o caminho à extrema-direita e votou a 82% em Chirac. Mas a França mudou. O “tudo menos a Frente Nacional” transformou-se em “tudo menos o sistema atual”.
Assim, uma boa parte dos franceses escolheu o nem Le Pen, nem Macron.
A França parte para eleições legislativas profundamente fraturada. E a composição do próximo parlamento é a grande incógnita. Poderá Macron governar e implementar as reformas que prometeu? Essa é a grande questão. A resposta virá das urnas em meados de junho.