O Curdistão iraquiano tenta cumprir o sonho de independência com um referendo sob a ameaça de um embargo petrolífero de Bagdade e de exercícios militares de Ancara e Teerão.
Catorze anos após a autonomia do território, milhares de pessoas começaram a afluir às assembleias de voto quando o presidente da região, Massud Barzani, que votou esta manhã, afirma estar pronto a enfrentar todos os riscos depois, segundo ele, “do fracasso da parceria com Bagdade”.
بارزانی بەشداریی لە گشتپرسیی سەربەخۆیی کوردستاندا کرد#Kurdistanreferendumpic.twitter.com/BRqNCBudam
— Rudaw (@Rudawkurdish) September 25, 2017
A consulta realiza-se nas três regiões que formam o território autónomo, mas também na zona petrolífera de Kirkuk, disputada pelo goveno central iraquiano.
“Hoje é um novo dia, como uma grande festa de aniversário, sinto-me um novo homem”, afirma um eleitor.
Outro eleitor reconhece, “estou muito contente, sinto que vamos ser livres, não vamos ser governados por outros, vamos ser independentes”.
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— Fazel Hawramy (@FazelHawramy) September 25, 2017
Bagdade tinha apelado esta noite aos países vizinhos a travarem a importação direta de petróleo do Curdistão, quando a maioria da produção do território é exportada através do porto turco de Ceyhan. Ancara, que rejeita igualmente o referendo quando se encontra em guerra com os separatistas curdos do PKK, pediu aos seus cidadãos que vivem no Curdistão iraquiano para que abandonem imediatamente o território. Os exércitos da Turquia e do Irão iniciaram manobras militares junto à fronteira com o Curdistão, depois de terem suspendido ontem as ligações aéreas com a zona autónoma.
A Turquia desmentiu, entrentanto, ter encerrado a fronteira de Habur à hora do início do referendo, reconhecendo apenas ter reforçado os controlos fronteiriços na região.
O governo de Erbil afirma que o referendo será um primeiro passo para a independência do território num processo que poderia durar até dois anos. Um objetivo sob a ameaça de uma asfixia económica, quando um embargo à exportação de petróleo poderia abalar a principal fonte de rendimento da região.