As pessoas, os partidos, os números e a formação de um futuro Governo Federal da maior economia da zona euro e da Europa.
Eleições Federais alemãs de 2017. Uma Chanceler que permanece. Uma vitória assombrada pelo nacionalismo. Um período de negociações que se espera duro. As principais conclusões.
Merkel a caminho do 4º mandato https://t.co/20RTq2k2tA
— euronews Português (@euronewspt) 24 septembre 2017
Democratas-cristãos da CDU/CSU esperavam melhores resultados
Angela Merkel saboreia uma vitória que sabe a pouco. A líder dos democratas-cristãos da CDU/CSU reconheceu que esperava melhores resultados.
Há quem culpe a “deriva centrista” da Chanceler alemã pelos fracos resultados e pal necessidade de que, mais uma vez, o novo Governo Federal alemão venha a ser formado por mais do que um partido.
Os cerca de 33% projetados pelas televisões públicas garantem um resultado relativamente inferior ao de 2009 (33,8%), mas particularmente dececionante quando comparado com o das legislativas de 2013 – menos oito pontos percentuais.
A CDU/CSU perdeu terreno face aos movimentos com programas considerados mais à direita, como os liberais-democratas do FDP e a direita populista do AfD, particularmente críticos com a política migratória de Merkel.
É também a política migratória de Merkel que deverá centrar o debate que deverá ter lugar em breve no seio da força democrata-cristã. O parceiro bávaro da CSU, Horst Seehofer, diz que o resultado é fruto “do vácuo que foi deixado à direita.”
Seehofer diz também que o importante agora é adotar políticas que permitam controlar a migração, a segurança e que garantam que “a Alemanha continua a ser a Alemanha”.
Os cristãos-sociais bávaros alcançaram, na Baviera, um resultado considerado baixo (cerca de 38%), pressionados pela direita populista.
Derrota sem precedentes para os sociais-democratas alemães
Uma derrota histórica para o SPD face aos democratas-cristãos de Angela Merkel (20%). É uma das grandes conclusões das eleições federais alemãs de 2017.
Uma derrota que muitos enquadram na atual crise da social-democracia europeia. Os partidos do centro-esquerda têm perdido terreno em eleições de vários Estados-membros da UE, como os Países Baixos, França ou Espanha.
Até agora, o pior resultado do SPD foi registado em 2009, com 23%, enquanto, há quatro anos, os sociais-democratas subiram alguns pontos, chegando aos 25,7%.
O candidato do centro-esquerda, Martin Schulz, decidiu que o melhor, para o partido e para o país, seria tornar-se no primeiro partido da oposição.
O antigo presidente do Parlamento Europeu rejeita um novo Governo de coligação ao centro. Schulz recorda que os populistas de direita da AfD “não podem ser a primeira força de oposição”.
O fantasma da extrema-direita alemã no Bundestag
Com 13% dos votos e mais de 80 deputados no parlamento, a direita populista do AfD, Alternativa para a Alemanha, parece ter quebrado um tabu social e político da maior economia da União Europeia.
Para a Chanceler alemã, Angela Merkel, estes quatro anos serão “um novo desafio”. Um desafio de peso, já que o AfD passa a ser a terceira força no Bundestag.
Fundado em 2013, o Afd caracteriza-se por ser abertamente contra o islão, contra os emigrantes e contra o euro. É particularmente popular nas zonas mais pobres da antiga RDA, onde é mesmo a segunda força mais popular.
Os líderes do partido prometeram que a primeira medida que irão tomar será pedir uma comissão de inquérito no parlamento alemão para que seja investigada a decisão de Angela Merkel de abrir as fronteiras aos migrantes que Médio Oriente, em busca do Estatuto de Refugiado.
Uma campanha baseada na frustração de muitos dos desempregados, apesar de a Alemanha ter uma taxa de desemprego inferior a 5,7%. Mas os líderes do AfD acenam com outro perigo: o da “crescente islamização da Europa.”
Liberais-democratas do FDP de volta ao parlamento
Com mais de 10% dos votos, os liberais-democratas do FDP são os mais prováveis candidatos a formar um Governo de coligação com os democratas-cristão de Merkel.
Christian Lindern, disse, no entanto, que apesar de estar pronto a entrar para uma coligação com Merkel, “muito vai ter de mudar” em termos de política. O FDP é crítico das políticas do Governo em relação aos migrantes e refugiados.