Justiça ucraniana deixa Saakashvili em liberdade

Mikhail Saakashvili, antigo presidente da Geórgia que se tornou líder da oposição na Ucrânia, foi libertado depois de um tribunal de Kiev se recusar a aprovar a sua detenção por querer uma mudança pacífica de Governo.
Saakashvili foi detido na devido a suspeitas de que terá conspirado com empresários ucranianos ligados à Rússia para derrubar o Presidente, Petro Poroshenko, acusações que rejeitou.
“Considero-me um prisioneiro dos oligarcas ucranianos”, declarou o líder da oposição da Ucrânia, numa aparente referência aos antecedentes no mundo dos negócios de Poroshenko, que dirigiu uma empresa de chocolates antes de ser eleito chefe de Estado.
O ministério público de Kiev pedira que Saakashvili fosse mantido em prisão domiciliária, mas o juiz recusou, o que lhe valeu o aplauso dos apoiantes de Saakashvili.
Uma derrota para Poroshenko
O veredito do tribunal representou uma derrota para Poroshenko, que tem enfrentado crescentes críticas por ter fracassado em pôr fim à corrupção endémica no país.
Após a decisão judicial, o vitorioso Saakashvili declarou que cooperará com outras forças políticas da Ucrânia para obrigar a uma mudança de Governo pacífica.
Em greve da fome em protesto contra a sua detenção, o político disse que a primeira coisa que agora queria fazer era ir para casa e comer.
Yulia Tymoshenko, ex-primeira-ministra que dirige um partido da oposição, assistiu à audiência, numa demonstração de apoio a Saakashvili.
Cerca de 200 apoiantes do oposicionista tinham-se concentrado à porta do tribunal horas antes, envolvendo-se em confrontos com a polícia.
No domingo, milhares dos seus apoiantes marcharam por Kiev, exigindo a sua libertação e apelando para a impugnação do mandato de Poroshenko.
Duas carreiras políticas, dois países, dois conflitos
Uma figura central em 2003, nos protestos da Revolução Rosa que levaram à saída do poder do Presidente georgiano Eduard Shevardnadze, Saakashvili cumpriu dois mandatos como chefe de Estado do país, entre 2004 e 2013, tendo obtido aprovação generalizada pelos seus esforços no combate à corrupção, mas críticas devido a uma desastrosa guerra com a Rússia e àquilo que os seus opositores classificavam como uma deriva autoritária.
Poroshenko nomeou-o governador da região ucraniana de Odessa em 2015, mas Saakashvili demitiu-se no ano seguinte, alegando que o Presidente e outros altos responsáveis estavam a impedir reformas anti-corrupção, e tornou-se um feroz crítico do seu antigo dirigente.
A Geórgia retirou a nacionalidade a Saakashvili depois de este se ter mudado para a Ucrânia.
No verão passado, foi a vez de Poroshenko lhe retirar a cidadania ucraniana, enquanto ele se encontrava fora do país, deixando-o apátrida.
Apesar disso, Saakashvili conseguiu regressar à Ucrânia em setembro, atravessando a fronteira da Polónia com a ajuda de uma multidão de apoiantes.
(Com Lusa)