Imigração marca debate eleitoral em Itália

Imigração marca debate eleitoral em Itália
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A hostilidade para com os estrangeiros é cada vez mais visível, mas, há também quem defenda que é preciso acolher melhor quem chega de fora.

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O tema da imigração divide a sociedade italiana. A poucos dias das eleições legislativas, a Euronews viajou até Treviso, na região de Veneto, no norte de Itália, onde os imigrantes representam 10% da população.

A hostilidade para com os estrangeiros é cada vez mais visível, mas, há também quem defenda que é preciso acolher melhor quem chega de fora.

Há alguns anos, a cidade de Treviso esteve no centro de uma polémica quando o antigo presidente da câmara, Giancarlo Gentilini, mandou retirar os bancos dos espaços públicos para impedir que fossem ocupados por imigrantes. Giancarlo Gentilini continua a defender as mesmas ideias.

“Ordem, disciplina, respeito da lei. Primeiro nós, depois os outros. As ruas, as casas, estão cheias de imigrantes, como pode ver, por todo o lado há delinquência, violações e agressões”, afirmou Gentilini.

As palavras do antigo presidente da câmara de Treviso suscitam controvérsia entre os habitantes.

Muitos denunciam o estereótipo injusto que não corresponde à realidade e a manipulação da opinião pública em período eleitoral. É a opinião de Marzio Barbagli, sociólogo da Universidade de Bolonha:

“As estatísticas não mostram um aumento da criminalidade. O que me choca é o facto de o tema da imigração aparecer de forma intermitente quando há eleições. Durante meses, não se fala de imigração. Por exemplo, durante os quase três anos do governo Renzi, ninguém se preocupava com a imigração até à chegada do ministro do Interior Marco Minniti”.

É frequente os meios de comunicação falarem de imigração de forma alarmista. Será que a questão vai influenciar o voto?

“A influência será menor do que esperam os partidos. as poucas pessoas que já decidiram ir votar, já escolheram o candidato. Esta dramatização é necessária para criar uma espécie de exaltação entre os militantes, para suscitar um entusiasmo e um paixão que atualmente não existe na vida política italiana”, garante o professor italiano.

Apesar dos discursos hostis à imigração, muitos setores da economia precisam de mão-de-obra.
A associação de Artesãos de Treviso afirma que nos setores da construção e dos serviços os imigrantes são indispensáveis.

A restauração é um dos setores que tem dificuldades em recrutar trabalhadores. Nicola Filippini, dono de um restaurante em Treviso, considera que fechar as portas à imigração prejudicaria a economia.

“A economia sofreria porque os italianos não querem fazer certos trabalhos e porque perderíamos competências que enriquecem o país, por exemplo, o nosso chefe de cozinha é do Togo, o que melhora a nossa cozinha e os nossos conceitos culinários”, disse Nicola Filippini.

Apesar do aumento recente do número de pedidos de asilo político, há poucas estruturas para acolher os refugiados. Em Treviso, os grupos de voluntários são o único ponto de contacto para milhares de africanos que chegam da ilha Lampedusa, no sul do país.

As associações organizam cursos de italiano e atividades culturais para promover a integração dos imigrantes.

“A integração implica alterar o centro de gravidade não apenas das pessoas que chegam mas também das pessoas que acolhem os imigrantes, esta mudança pode provocar medo. Vi outra Itália na minha adolescência, hoje adulto vejo uma Itália diferente. Hoje, os pobres enfrentam dificuldades devido à crise e por isso os imigrantes tornaram-se um problema”, considerou Yannick Cimbalanga.

Yannick Cimbalanga fez o curso de Desenvolvimento e Cooperação na Universidade de Pádua. De origem congolesa, tornou-se cidadão italiano em 2012 e espera que os filhos possam ser italianos de pleno direito: “Para os meus filhos, sonho com uma Itália em que eles não se sintam diferentes dos outros”.

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