O diretor da companhia aérea alega que os pilotos foram induzidos em erro enquanto a torre de controlo fala em desobediência às instruções na origem do despiste no Nepal de um avião com 71 pessoas a bordo
A companhia aérea US-Bangla, do Bangladeshe, e os controladores áereos de Catamandu estão a acusar-se mutuamente pela responsabilidade no acidente aéreo que matou 49 pessoas esta segunda-feira no Nepal.
Um avião Bombardier Dash 8 Q400, de matrícula S2-AGU, com 71 pessoas a bordo, incluindo quatro tipulantes, despistou-se no momento da aterragem e incendiou-se após imobilizar-se já fora da pista do aeroporto internacional de Catmandu. Apenas 22 pessoas sobreviveram e estão a receber assistência hospitalar.
(foto do avião envolvido no acidente via Kathmandu Post/ Jetphotos.com)
O diretor-executivo da US-Bangla "sacode a água do capote" dos pilotos pela responsabilidade no trágico fim do voo BS211.
"Não o podemos dizer em definitivo, para já, mas suspeitamos que a torre de controlo aéreo de Catmandu pode ter induzido os nossos pilotos a aterrar na pista errada", acusa Imran Asif.
A torre de controlo também "sacode" as responsabilidade dos ombros dos controladores. "O acidente ocorreu devido a uma errada aproximação à pista", alegou Raj Kumar Chhettri, o diretor-geral do Aeroporto Internacional Tribhuvan (TIA, na sigla em inglês), precisando a hora do acidente às 02:18 da tarde.
De acordo com o relato dos controladores, citados pelo The Himalayan Times, o avião foi autorizado inicialmente a aterrar na pista 02. "O capitão pediu depois permissão para aterrar na pista 20 e mudou a rota do aparelho para leste da anterior localização", contou um dos controloadores.
Após algumas voltas a sobrevoar a pista 20, o avião tentou uma derradeira aproximação à pista 02, acrescentou a mesma fonte. "Quando os controladores perceberam na torre que o avião se dirigia para a pista 02, voltaram a comunicar com o capitão para a devida autorização", disse, alegando que o capitão respondeu estar na pista certa.
Ao escutar as comunicações pelo rádio, o piloto de um outro voo doméstico oriundo de Bharatpur também informou a torre de controlo de um problema com o voo BS211 ao perceber que o avião tinha assumido uma incorreta abordagem à pista e apresentava um comportamento anormal.
"O capitão do avião do Bangladeshe insistiu repetidamente que estava na manobra certa e na direção correta", garantiu o controlador da torre de Catmandu, acrescentanto que "o avião subitamente assumiu uma direção errada para ocidente da pista 02 e despistou-se."
O jornal Dhaka Tribune informa que ambos os pilotos, o capitão Abid Sultan e a primeira oficial Prithula Rashid, estão entre as 49 vítimas da tragédia.
Altos responsáveis do executivo nepalês, incluindo o primeiro-ministro Sharma Oli, deslocaram-se ao aeroporto onde se encontraram com o embaixador do Bangladeshe no país parfa avaliar o sucedido.
Entre as 71 pessoas a bordo do voo BS211, havia 37 cidadãos do Bangladeshe, 32 do Nepal, um chinês e um cidadão das Maldivas. Pelo menos 37 seriam homens, 27 mulheres e pelo menos duas crianças também viajavam no mesmo avião.
Pelo menos 31 das vítimas mortais foram retiradas já cadáveres dos destroços do aparelho.
O aeroporto internacional de Catmandu esteve fechado durante pouco mais de duas horas após o acidente, reabrindo pelas 04:45 da tarde.