Sondagens apontam para cenário de reforma constitucional. Resultados serão conhecidos este sábado e prometem agitar o país de forte tradição católica
Os defensores da liberdade de escolha estão confiantes numa vitória expressiva no referendo histórico à legalização do aborto na Irlanda.
A contagem de votos deverá terminar este sábado mas de acordo com duas sondagens à boca das urnas o campo do "Sim" deverá impor-se. Ambas apontam que cerca de 69% das pessoas votaram contra a proibição constitucional do aborto.
"Estava em êxtase porque poderia ter sido um resultado apertado. Muitos de nós esperávamos a vitória do 'não.' Por isso, perceber que nas sondagens à boca das urnas tudo aponta para um 'sim' é fantástico", diz Scout Black, uma estudante a favor da vitória do "Sim."
A também estudante Sneha Lichani, a residir em Dublin, acrescenta: "É importante para as mulheres poderem tomar as próprias decisões. Por que razão devemos esperar que os médicos digam 'não' e sofrer?"
No referendo desta sexta-feira, que contou com uma elevada taxa de participação, estava em causa a Oitava Emenda, incluída em 1983 na Constituição irlandesa. Garante, de igual forma, o direito à vida do "não nascido" e da mãe.
A confirmar-se o cenário das sondagens, o Governo deverá propor introduzir uma nova lei que permita o aborto até às 12 semanas de gravidez em qualquer circunstância. Depois desse período, só em caso de risco grave para a vida ou saúde mental da mãe, ou se for identificada no feto uma anomalia que possa conduzir à sua morte antes ou logo após o nascimento.