Apesar de Lopez Obrador ter moderado o discurso ao longo da campanha, as elites temem que o novo presidente do México trave o investimento privado em setores fundamentais.
De um discurso radical , o novo presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, (AMLO) foi passando, à medida que se aproximava o ato eleitoral, a um discurso mais conciliador, mantendo, no entanto, como linha motora da campanha o fim dos privilégios para as elites e da corrupção que assola o país. O tom foi dado em cada comício:
"Vamos acabar com a corrupção! Vamos acabar com os privilégios!
Enquanto candidato pedia aos mexicanos "Que tenham confiança. Que vai ser uma mudança para melhor para todo o povo. Vai ser muito bom para todos os mexicanos e não vai haver retaliações".
Retaliações é o que teme a classe empresarial, mesmo após uma certa trégua acordada com o candidato Obrador.
O presidente da Confederação Patronal, Gustavo Hoyos, lembrava durante a campanha, que "todos os candidatos necessitam do setor privado".
O que preocupa as elites económicas mexicanas são projetos como o de anular a construção do Novo Aeroporto Internacional da Cidade do México. Apesar de Obrador ter recuado nesta proposta, conseguiu atiçar a ira de muitos homens de negócios, entre os quais o multimilionário, Carlos Slim, sócio neste projeto: "Isto preocupar-me-ia e far-me-ia recear por tudo aquilo que pode vir a seguir, porque se isto vai ser o critério, será um critério de investimento errado".
Outra questão que incomoda é o fim anunciado da reforma energética lançada por Enrique Peña Nieto e que abriu o setor ao investimento privado, particularmente na indústria do petróleo. O candidato Obrador, que começou por afirmar que cancelaria a reforma de imediato assim que chegasse à presidência, temperou, nas últimas semanas o discurso, dizendo que vai analisar os contratos caso a caso, para verificar que não houve corrupção.
Alfonso Romo, o conselheiro económico da campanha garantiu: "Aquilo que temos vindo a dizer é que vamos rever e tudo o que estiver bem, mantém-se. Tudo o que está bem, palavra de honra, fica".
Para além de moderar o discurso, Obrador prometeu que sob a sua presidência não haverá expropriações nem nacionalizações.
Para Andres Manuel Lopez Obrador, à terceira foi de vez e é chegado o momento de passar das promessas de três campanhas presidenciais aos atos da presidência.