Sobrepesca ameaça mares da Europa

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De  Nara Madeira
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Com 40% das populações de pescado no Atlântico a serem alvo de sobrepesca, a New Economics Foundation alerta para a necessidade de se realizarem capturas mais sustentáveis.

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A Europa atingiu, esta semana, o volume máximo de pesca aconselhável para 2018.

Desde o dia 9 de julho, até ao final do ano, os europeus esgotaram as reservas de pescado que gostam de consumir e dependem, agora, da importação dessas espécies para satisfazer a procura.

O aviso advém do relatório da New Economics Foundation, sustentado em dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, publicado em maio.

Com 40% das populações de pescado no Atlântico a serem alvo de sobrepesca, aquela organização alerta para a necessidade de se realizarem capturas mais sustentáveis.

"Existem resultados ambientais que podem ser encorajados. O primeiro, e o mais importante, é estabelecer os recursos piscatórios de acordo com o aconselhamento científico. Todos os anos produzimos um relatório onde mostramos quais são os membros da União Europeia que mais ignoram o aconselhamento científico e estabelecemos os limites de pesca através de estudos científicos. Esse é o primeiro passo. O segundo, é disponibilizar oportunidades piscatórias para aquelas frotas com pouco impacto que, basicamente, têm métodos mais seletivos e limpos, e criar mais valor por quilo, maximizando o benefício social e minimizando o impacto ambiental", Chris Williams, da New Economics Foundation.

Reconhecendo o problema, em 2014, Bruxelas introduziu alterações à Política Comum das Pescas, assistindo-se a alguns progressos na reposição das unidades populacionais de peixes em níveis saudáveis, no aumento da rentabilidade do setor das pescas da União Europeia e na conservação dos ecossistemas marinhos.

O eurodeputado português Ricardo Serrão Santos, da Comissão de Pescas do Parlamento Europeu afirma que "é reconhecido que muitos dos recursos pesqueiros estão a ser explorados acima do nível que deviam estar e outros estão ao nível máximo das suas pescarias. Portanto, há esta reforma da Política Comum de Pescas que tenta, de facto, balancear este problema e por as nossas frotas a pescar de forma que não se ultrapasse o rendimento máximo dos nossos mares."

Portugal é, no seio da União Europeia, o maior consumidor de pescado. Em média, cada português come 55,3 quilos de peixe por ano. A média por consumidor, nos 28, é de 22,7 quilos por ano.

No dia cinco de maio Portugal atingiu o máximo do volume de pesca aconselhável para 2018, estando, agora, muito dependente de importações até ao final do ano.

Para Rita Sá, da World Wildlife Fund Portugal, a sustentabilidade passa também pela diversificação da dieta. Exemplo disso, seria o aumento do consumo do carapau de cerco.

"Se nós conseguíssemos consumir e procurar mais espécies portuguesas que muitas vezes são consumidas, ainda, pelas nossas comunidades piscatórias, por exemplo, ou outras espécies que muitas vezes não ligamos, não damos o devido valor e que são espécies que são muito interessantes para serem cozinhadas. Sim, sem dúvida é isso que nós aconselhamos: diversificar o máximo possível a nossa dieta. Um exemplo que damos, que é um exemplo que para nós, como organizações ambientais, é a espécie que nós consideramos ser mais sustentável neste momento, é o carapau. Apesar de ser uma espécie muito conhecida por todos, a verdade é que o carapau capturado por cerco não tem tanta importância no mercado, mas é uma espécie que está em muito bom estado em termos ambientais. A arte de pesca do cerco, também, não tem grandes impactos ambientais, para além dos óbvios de pescar, mas não tem com outras espécies nem estraga o fundo. Portanto, nós aconselhamos os consumidores a consumir carapau de cerco. A sardinha, neste momento, passa por uma crise há já algum tempo, apesar dos últimos dados científicos mostrarem que há um aumento da população da sardinha, mas mesmo assim ainda temos dados preocupantes em relação à sardinha mais pequena, aquela que iremos querer comer. Para isso, nós queremos assegurar que temos sardinha no futuro, se temos pouca sardinha pequena, temos de ter mecanismos, e aí mais uma vez são importantes aqui os governos e o envolvimento dos pescadores, é muito importante que asseguremos a proteção desta sardinha pequena."

Nome do jornalista • Miguel Roque Dias

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