Kofi Annan: O caminho do diplomata (quase) perfeito

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O antigo Secretário-Geral da ONU teve um percurso distinto. A sombra na história da sua carreira é um genocídio, o do Ruanda. Em 1994, foi informado do plano de genocídio contra os tutsis mas ter-se-á abstido de informar o Conselho de Segurança da ONU

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Prémio Nobel da Paz para as Nações Unidas e o seu Secretário-Geral, em 2001, foi o melhor reconhecimento para Kofi Annan, uma personificação do diplomata perfeito.

Nasceu em Kumasi, no Gana, em 1938, no seio de uma família abastada. Licenciou-se em Gestão de Empresas e Economia, na Suíça e nos Estados Unidos, onde depois fez carreira dentro da organização internacional.

Em 1993, foi nomeado secretário-geral adjunto para as Operações de Manutenção da Paz. Tendo iniciado as atividades na OMS - Organização Mundial de Saúde, passou pela Agência de Refugiados da ONU, em Genebra, através da qual entrou na direção do aparelho burocrático da ONU, em Nova Iorque. Tinha uma desenvoltura em inglês e um conhecimento tão profundo da organização, que Washington o considerou o candidato ideal para suceder a Boutros Boutros-Ghali. Tornou-se o sétimo Secretário-Geral das Nações Unidas em dezembro de 1996, o primeiro a ser nomeado dentro da organização.

"Sinto-me humilde, é um grande desafio que espero honrar com o apoio de todos os Estados-Membros e dos meus colegas", declarou.

Kofi Annan herdou a ONU num momento de excecional crescimento das operações de manutenção da paz: em 1995, 70.000 civis e militares estavam destacados em zonas de guerra em 1995.

Mas o novo secretário-geral teve de lidar com a falta de recursos e com o declínio da credibilidade, devido aos sucessivos fracassos. Na Bósnia, tinha sido representante especial de Boutros-Ghali, durante os Acordos de Dayton. Sabia bem que a principal missão do secretário-geral é a manutenção da paz e segurança internacional.

Na Cimeira do Milénio, em setembro de 2000, alertou os líderes mundiais: as Nações Unidas arriscam a credibilidade nas operações de manutenção da paz e, portanto, devia ter mandatos mais fortes e mais recursos financeiros para as missões dos capacetes azuis.

Também viveu momentos de tensão na sua carreira, nomeadamente em 2003 quando, na Assembleia geral criticou a lógica dos ataques preventivos contra o Iraque, do presidente George W. Bush.

"A minha preocupação é que, se esta resolução for aprovada, crie precedentes que podem levar a uma proliferação de ações de utilização unilateral e ilegal da força, com ou sem justificação", explicou na altura.

Viveu momentos de enorme satisfação, também. Durante o seu mandato, recebeu Timor Leste como país membro das Nações Unidas, o primeiro país que aderiu, no século XXI. Annan esteve diretamente envolvido na mediação, em 1999, que levou à independência de Timor Leste da Indonésia.

Pouco antes da sua reeleição em 2001, fez da luta contra a pandemia da SIDA, uma causa pessoal. África era o continente mais afetado, com 25 milhões de seropositivos, nesse ano - número que se altera, constantemente. Recebeu o Nobel da Paz pelos "esforços em favor de um mundo melhor organizado e mais pacífico".

A sombra na história da sua carreira é um genocídio, o do Ruanda. Em 1994, Kofi Annan, foi informado do plano de genocídio contra os tutsis pelo comandante das forças de paz no Ruanda, o general Romeo Dallaire, do Canadá. Na época, Annan responsável pelas operações de paz, ter-se-á abstido de informar o Conselho de Segurança da ONU.

O segundo mandato terminou, com este peso, em 2006. Depois de 10 anos à frente das Nações Unidas passou o testemunho a Ban Ki-Moon.

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