Aviões militares sírios e russos bombardearam bastião rebelde no noroeste da Síria, dias antes de um encontro para abordar possível ofensiva do exército de al-Assad na região.
Aviões militares russos e sírios bombardearam zonas do território sírio de Idlib, dominado por rebeldes, de acordo com testemunhas citadas pela agência Reuters. O bombardeamento acontece quando faltam apenas alguns dias para um encontro entre Vladimir Putin, Hassan Rouhani e Tayyip Erdogan para debater possível ofensiva do exército de Bashar al-Assad.
Do ataque resultaram pelo menos 13 civis mortos, de acordo com fontes rebeldes à Reuters, numa informação confirmada pelo denominado Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com sede em Londres.
Moscovo, tal como Teerão diz que a região é um "ninho de terroristas" e que os jiadistas se misturaram com os civis, pelo que as forças armadas sírias deveriam "resolver o problema."
Para o presidente Bashar al-Assad, a derrota dos rebeldes no noroeste representaria uma vitória importante numa zona de resistência armada.
Os avisos de Washington
Mas Washington avisou o Governo sírio sobre o "uso de armas químicas" e referiu que uma iniciativa do género não ficaria sem resposta.
Anteriormente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu ordem para dois bombardeamentos aéreos na Síria, contra o que Washington definiu na altura como "o uso de armas químicas da parte do presidente al-Assad contra civis."
Na terça-feira, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse aos jornalistas que "se o presidente Bashar Alssad optar pelo uso de armas químicas, os Estados Unidos e os seus aliados responderão de forma adequada."
A ajuda de forças militares russas a Bashar al-Assad, com tropas no teatro de guerra desde 2015, permitiu a Damasco fazer-se com o controlo de bastiões rebeldes como Alepo, Ghouta Oriental e Deraa.
De acordo com as Nações Unidas, pelo menos metade da população de Idlib, com cerca de três milhões de habitantes, deixou a região por outras partes do território.
A ONU diz que uma ofensiva na região vai agravar as péssimas condições de vida dos civis, para além de dar origem a um êxodo massivo dos habitantes.
Mas a ofensiva poderia também criar mais tensões com a Turquia, que apoia os rebeldes e cujo exército se tem posicionado ao longo da fronteira com Idlib. Ancara teme também que um ataque do exército sírio cause uma chegada em massa de refugiados a território nacional.
Tahrir al-Sham, uma aliança jiadista
É o grupo rebelde Tahrir al-Sham, uma aliança dominada pelos elementos próximos da al-Aqaeda na Síria, a Frente al-Nusra, que controla a província de Idlib.
Na semana passada, o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, disse que existem cerca de 10 mil militantes na região de Idlib, que a ONU define como terroristas.
Para Mistura, um entendimento entre a Rússia e a Turquia é essencial para resolver o problema de Idlib sem que haja um banho de sangue.
Por isso, dia sete de setembro, o encontro entre o presidente russo, Vladimir Putin, Recep Tayyip Erdoğan, presidente turco e Hassan Rouhani, líder iraniano, é visto como um momento essencial para evitar mais um banho de sangue no longo conflito sírio.