Infraestruturas na Europa: o caso italiano

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De  Joao Duarte Ferreira
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A Autostrada del Sole une o norte ao sul do país mas apresenta várias vulnerabilidades

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Após o colapso da ponte Morandi em Génova, a euronews lança um olhar sobre o estado das infraestruturas na União Europeia. Começamos por abordar o caso italiano e em particular a Autostrada del Sole, a auoestrada que liga o norte ao sul de Itália.

Esta autoestrada unificou o país, tornou-o mais "curto" de certa forma, criou mercados de escoamento para produtos e é igualmente uma rota de comunicação rápida entre o norte e o sul do país. Mas este projeto, iniciado nos anos 50, envelheceu e, ano após ano, à medida que o número de utilizadores aumenta, aumentam também as queixas de quem a utiliza.

"Todo o trânsito desemboca na A1 e A14 e estas não são suficientes", afirma o condutor de pesados Sebastiano Bratti.

Há mais de 20 anos que Sebastiano percorre as autoestradas italianas de norte a sul.
Ele assistiu ao aumento do trânsito e agora aparenta estar resignado.

"É normal ter um fluxo de trânsito adicional. O nó de Bolonha, o nó de Milão e agora mesmo o nó de Pádua...", diz Sebastiano.

O repórter da euronews, Michele Carlino, enquadra o problema.

"Apenas no mês de junho, 4 mil milhões de veículos foram contabilizados nesta parte da autoestrada, facto que faz do eixo Milão-Bolonha, uma das autoestradas mais congestionadas de Itália, um país em que metade dos bens viajam por estrada".

Construídos entre os anos 60 e 80, os principais eixos rodoviários italianos preocupam os peritos devido à questão da segurança.

Oliviero Baccelli é professor de Economia dos Transportes na Università Bocconi, em Milão.

"O número de elos fracos na rede de autoestradas italianas é decerto mais elevado em Itália do que no resto da Europa. Quanto à rede nacional, a auto-estrada mais vulnerável é a A1 entre Milão e Bolonha, igualmente porque os níveis de trânsito e a ausência de alternativas tornam-na vulnerável em caso de acidentes", afirma.

Dos 6 mil quilómetros de autoestradas, 66% é gerido por privados e dois terços das concessões pertencem a dois grupos económicos.

Trata-se de um negócio que regista algumas das portagens mais elevadas da Europa bem como lucros: três mil milhões de euros em três anos, segundo alguns dados.

O regime de concessão é alvo de acusações, ao que se juntam as reduzidas quotas de investimento na rede rodoviária. Segundo este regime, o estado, proprietário, delega a gestão sobre entidades privadas que assumem as tarefas através da recolha de uma portagem.

"Existe um enorme debate hoje em dia, a nível internacional e a nível europeu sobre a natureza das concessões, das parcerias público/privadas. Hoje não há provas que nos possam levar a dizer quão eficazes estes sistemas têm sido a gerar mais eficiência", Veronica Vecchi, professora de Gestão Pública na Università Bocconi, em Milão.

É sob este pano de fundo que decorre o debate sobre a renacionalização do setor, o que traria a rede de autoestradas de volta ao controlo do estado, tal como acontece na Suíça, Áustria, Grã-Bretanha e Alemanha.

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