Brasileiros em Portugal divididos quanto aos candidatos presidenciais

Brasileiros em Portugal divididos quanto aos candidatos presidenciais
De  Filipa Soares
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Muitos imigrantes brasileiros em Portugal não poderão votar nas eleições presidenciais, mas acompanham com preocupação o que se está a passar do outro lado do Atlântico.

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O brasileiro Luca Argel vive em Portugal há seis anos. Veio para fazer um Mestrado em Criação Artística Contemporânea, na Universidade de Aveiro, e acabou por ficar.

É o vocalista do grupo brasileiro Samba Sem Fronteiras, nome inspirado no programa Ciência Sem Fronteiras, do Governo de Lula da Silva, que permitiu a milhares de jovens brasileiros estudarem no estrangeiro. O programa, entretanto, acabou, mas a banda continua e lançou no passado domingo, no Porto, o primeiro álbum, homónimo.

O músico, que a solo, já atuou duas vezes na Casa da Música, acompanha à distância a situação do país Natal, nomeadamente a campanha eleitoral para as presidenciais... e vai votar pela primeira vez desde que chegou a Portugal há seis anos.

"Tenho a inclinação hoje de votar no Ciro Gomes, porque acho que essa polarização gerou um ódio muito grande pelo Partido dos Trabalhadores no Brasil, um ódio muito alimentado pelos meios de comunicação, pelos media, que apoiaram o golpe de 2016, e não acho que mais um Governo do PT vá ajudar a estabilizar a situação", explica o músico.

"Acho que o grande ódio contra o PT foi que o PT de uma forma distribuiu um pouco de renda e deu mais ascensão ao povo pobre na educação", diz Franklin Monteiro, mais conhecido como Frankão, que também integra o grupo Samba Sem Fronteiras.

No público que assistiu à apresentação, Ana Lia, que veio para Portugal fazer um estágio no âmbito do Doutoramento em Arte Contemporânea, acha que o combate à corrupção é apenas um pretexto. "O Brasil está vivendo um momento que as pessoas estão dizendo que é o combate à corrupção, mas não é exatamente bem isso que se está passando. É uma crise política, logicamente voltada para os interesses das grandes corporações, os grandes agropecuaristas, que são pessoas muito influentes no país", realça.

Apesar dos escândalos de corrupção, a doutoranda continua a achar que o Partido dos Trabalhadores é a melhor solução para o Brasil: "Eu votaria no Haddad - o Governo Lula não foi ideal em vários aspetos -, para que a gente possa pelo menos ter as mesmas políticas sociais, que fez com que o Brasil realmente mudasse. Realmente, o Brasil antes do Lula e depois do Lula é outro, inegavelmente."

Na assistência há também apoiantes do candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro. São imigrantes recém-chegados a Portugal, que saíram do Brasil por causa da violência. "Eu votaria no Bolsonaro, porque foram muitos anos de esquerda no Brasil. Como ele é o único candidato que não tem nada que deponha contra ele em termos de corrupção seria a minha aposta", afirma Fernanda Lopes que não tem medo que as ideias do candidato da extrema-direita se reflitam nas suas políticas: "A política não é feita só por um único presidente. Existem, para isso, comissões. Existe para isso a oposição. Existe para isso todo um mecanismo que impede que ele seja um líder absolutista".

"Olho com muita tristeza para estas eleições, porque na realidade não existe nem um candidato que me represente, mas com certeza ele não! Não tem como! O Bolsonaro é contra mulheres, negros, lésbicas, gays, pobres", lamenta a fotojornalista Ana Carvalho.

"Eu não acho que essa eleição de 2018 vá resolver os problemas, mas acho que é importantíssimo que ela aconteça e é importantíssimo que as forças políticas que geraram essa crise, nomeadamente as que alimentaram o golpe de 2016, e as que hoje concorrem à presidência, especialmente as mais de extrema-direita e fascistas mesmo, elas precisam ser derrotadas na urna", conclui Luca Argel.

A crise levou à redução do número de imigrantes brasileiros em Portugal, mas agora este número voltou a aumentar com a situação que se vive no Brasil. Muitos destes imigrantes brasileiros não poderão votar nas eleições presidenciais, mas acompanham com preocupação o que se está a passar do outro lado do Atlântico.

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