WWW Foundation quer tornar internet livre

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De  Euronews
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No relatório "The Case #ForTheWeb", onde pede que sejam tomadas ações urgentes para encontrar soluções para os riscos criados pela internet como a manipulação política ou o discurso de ódio.

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Promover uma internet livre e segura, defendendo a igualdade digital, são esses os principais objetivos da World Wide Web Foundation. Para isso, publicou esta semana o relatório "The Case #ForTheWeb", onde pede que sejam tomadas ações urgentes para encontrar soluções para os riscos criados pela internet como a manipulação política, o discurso de ódio, a privacidade dos dados dos utilizadores ou a centralização do poder da rede num reduzido número de grandes empresas.

"Abra um jornal, ligue a televisão ou navegue pelo seu feed do Twitter, e, provavelmente, vai deparar-se com uma história sobre como a World Wide Web está sob ameaça. Perdemos o controlo dos nossos dados pessoais e que estão a ser usados contra nós. O poder de aceder a notícias e informações de todo o mundo está a ser manipulado por agentes maliciosos. O assédio em linha cresce desenfreadamente, e os Governos estão, cada vez mais, a censurar informações em linha ou a desligar, completamente, a internet."

Apesar das ameaças, a fundação está otimista e acredita que "a internet que queremos não está fora do alcance".

#Por uma internet que seja... Acessível para todos

Enquanto para a maioria da população dos países desenvolvidos, a internet é vista como adquirida, para mais de metade da população mundial esta é uma ferramenta inacessível.

De acordo com a World Wide Web Foundation, "estas cerca de quatro biliões de pessoas estão a ser ainda mais marginalizadas e excluídas da revolução em linha. As consequências desta exclusão são significativas", pois "estão a perder oportunidades económicas, de debate público global, de trocas sociais e culturais, de serviços governativos básicos, e capacitação democrática".

A maioria dos "desligados" pertence a populações marginalizadas em países de baixos rendimentos e mulheres. O facto de a taxa de novos utilizadores nos países menos desenvolvidos está a decrescer (dos 41%, em 2014, para 15%, em 2017) aumenta a urgência de serem tomadas medidas.

Para inverter esta tendência, o documento propõe:

  • uma redução do preço dos serviços de acesso à internet (no países subdesenvolvidos, o preço de 1GB de dados móveis pode custar a té um terço do rendimento mensal da maioria da população);
  • Desenvolvimento de políticas inteligentes que estimulem a redução dos preços;
  • expandir as iniciativas públicas de acesso à internet, como internet gratuita em escolas, bibliotecas ou outros locais públicos;
  • projetar planos nacionais de banda larga que estabeleçam metas claras para o aumento da Internet (acesso para todos e, especialmente, para as mulheres.)

#Por uma internet que seja... segura para todos

Cada utilizador da internet produz, todos os dias, uma elevada quantidade de dados e informações que chega às 2.5 mil milhões de GB, de acordo com a World Wide Web Foundation. Muita desta informação é produzida em ações simples como responder a um e-mail, responder a um amigo nas redes sociais ou, mesmo, através da leitura de notícias em linha. São muitas as empresas que subsistem a reunir esta "pegada digital", usando depois essa informação para criar campanhas publicitárias, ou mesmo, modelos para recrutamento.

Nos últimos anos, têm surgido várias notícias de exposição de dados confidenciais de milhões de pessoas em todo o mundo, o que leva a fundação a exigir mais medidas por parte dos Governos.

O documento celebra o facto de esse ser um assunto cada vez mais na ordem do dia, assinalando como um bom exemplo, o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados da União Europeia.

O aumento do assédio, da intimidação e da violência no mundo cibernético e, ainda, da intromissão dos Governos na vida dos cidadãos, através da internet são apontados, pela Fundação, como problemas que necessitam de resolução urgente.

O relatório refere que a internet deve ser uma plataforma que não deve causar receios so utilizadores. Para isso, propõe:

  • Equipar todos os utilizadores com o direito e a capacidade para controlar, eficazmente, os dados pessoais;
  • Colocar em prática leis abrangentes de proteção de dados. Os utilizadores devem ter acesso à supervisão e a recursos legais para reparar as violações de privacidade;
  • Garantir que as decisões automatizadas sejam explicáveis ​e responsáveis ​​perante as pessoas;
  • Os Governos devem trabalhar para proteger a segurança de todos os cidadãos no mundo cibernético, promulgando políticas e regulamentos para proteger o direito à segurança e à liberdade de expressão.

#Por uma internet que seja... capacitante para todos

A neutralidade natural da internet está sob ameaça, segundo o documento do acordo. Vários países e empresas, em todo o mundo, limitam o acesso à informação impedindo a livre criação de conteúdos multiculturais relevantes. Assim, os utilizadores ficam impedidos de utilizar a verdadeira potencialidade da internet.

Para contrariar esta tendência e tornar a internet numa verdadeira plataforma capacitante, a World Wide Web Foundation sugere:

  • incentivar a produção de conteúdo diversificado e multilíngue. É necessário facilitar o acesso a comunidades diversificadas e encorajar a criação de conteúdos relevantes nas línguas locais, e apoiar uma diversidade de espaços culturais inclusivos;
  • Priorizar a aquisição de habilidades digitais e a educação para que as pessoas possam tornar-se criadores ativos;
  • Proteger a neutralidade da rede. Os Governos devem desenvolver e implementar regras para impedir o bloqueio e a prioridade de conteúdos pagos de modo a garantir que o tráfego em linha é tratado de forma igual;
  • Trabalhar em prol de um campo de atuação nivelado, garantindo que a energia e o controlo na Web sejam distribuídos entre os utilizadores;
  • manter a rede global, combatendo as políticas que impedem o tráfego livre da internet.
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