Governo de Macron recua e suspende aplicação dos aumentos sobre os combustíveis
A violência no centro de Paris e não só representou um choque para o governo de Emmanuel Macron.
"Sr. Primeiro-ministro, é muito pouco, muito tarde"
Les Republicains, França
Após os confrontos do fim-de-semana passado, o primeiro-ministro Edouard Philippe anunciou a suspensão dos controversos impostos sobre o combustível.
"Se a maioria nos convenceu a mudar, então é isso que devemos fazer. É preciso ser surdo ou cego para não ver e escutar a fúria que predomina nas ruas. Mas os impostos não devem colocar em perigo a unidade da nação", anunciou Edouard Philippe na Assembleia Nacional.
O primeiro-ministro discursou na Assembleia Nacional explicando que os impostos na origem das manifestações seriam suspensos por um período de seis meses para abrir espaço ao diálogo.
A reação dos deputados não se fez esperar.
"Se a sua única resposta Sr. Primeiro-Ministro, é a suspensão dos impostos de Macron sobre os combustíveis, então é porque não se apercebeu da gravidade da situação. Este anúncio condena os franceses a alguns meses de adiamento. O que eles lhe estão a pedir não é a suspensão mas o cancelamento das taxas. Sr Primeiro-ministro, ee muito pouco, muito tarde", adiantou Damien Abad, deputado para o partido de direita, Les Republicains.
Por enquanto, a reação dos manifestantes é continuar com as manifestações. O que começou como um protesto contra a subida dos impostos tornou-se agora um movimento anti-Macron que muitos acusam de favorecer os ricos.
"O meu pai era mineiro e trabalhou muito na sua vida. Ele participou no maio de 68 e não tenho vergonha. Graças ao maio de 68 conseguimos mais 30% em poder de compra. O Sr. Macron precisa de escutar as pessoas, porque não está a escutar as pessoas e também porque existe miséria em França", afirma uma das ativistas.
O movimento dos "coletes amarelos" poderá agora tornar-se em algo muito maior.
Estudantes franceses descontentes com reformas na educação já anunciaram apoio aos coletes amarelos. E dois sindicatos dos transportes anunciaram greves para o fim de semana.