Foi ultrapassada a barreira dos 15% de deputados do partido conservador britânico necessários para contestar a liderança da atual primeira-ministra
Foi ultrapassada a barreira de 15% de deputados do partido conservador britânico necessária para contestar a liderança de Theresa May. A moção de censura à líder dos conservadores terá lugar esta quarta-feira à tarde.
A votação está prevista decorrer entre as 18:00 e as 20:00 horas, sendo os votos contados "imediatamente depois e um anúncio será feito o mais breve possível".
O presidente da Comissão, Graham Brady, Comissão 1922, que gere o processo de eleições internas do partido Conservador, confirmou por comunicado que foi atingido o número de cartas suficiente para que seja pedida a retirada da confiança à líder.
Para uma moção de censura ser ativada, tinha de ser subscrita por 48 deputados conservadores, equivalente a 15% do grupo parlamentar.
Cabe ao presidente da Comissão confirmar que foi atingido o número de cartas necessário e determinar o dia de uma votação secreta de todo o grupo parlamentar de 315 deputados.
A última vez que um líder conservador foi deposto pelos seus próprios parlamentares foi em 2003, quando Iain Duncan Smith acabou por ser substituído por Michael Howard.
A decisão sobre se o líder, neste caso Theresa May, mantém ou deixou de merecer a confiança dos deputados é ditada quando reúne pelo menos metade dos votos mais um, ou seja 159.
Se May vencer, fica imune durante um ano a nova contestação interna, embora uma vitória por uma margem curta possa fazer com que coloque o lugar à disposição.
Se a líder dos tories perder, é afastada e inicia-se uma corrida para a sucessão, que só pode ter como candidatos deputados eleitos pelo Partido Conservador com o apoio de pelo menos dois colegas.
Os pretendentes são sujeitos a uma série de votos secretos que vão eliminando aqueles menos populares até restarem apenas dois, que são então alvo de um sufrágio geral junto dos militantes do partido.
O processo pode demorar várias semanas, a não ser que um dos dois candidatos finais se retire da corrida, como fez Andrea Leadsom em 2016, deixando o caminho a Theresa May.
Numa declaração à porta do número 10 da Downing Street, prometeu lutar para se manter no poder: "Vou contestar este voto com todas as minhas forças. Sou membro do Partido Conservador há mais de 40 anos. Fui ativista, conselheira, deputada, ministra-sombra, ministra do Interior e agora primeira-ministra. Uma mudança na liderança dos conservadores, neste momento, iria colocar o futuo do país em risco e criar incertezas, numa altura em que não as podemos permitir. O novo líder não estaria no cargo no dia 21 de janeiro... por isso, eleições para a liderança do partido correm o risco de entregar as negociações do Brexit aos deputados da oposição. O novo líder não teria tempo para renegociar um acordo de saída da UE e fazer com que a legislação fosse aprovada pelo parlamento até 21 de março. Por isso, um dos primeiros atos seria alargar, ou acabar com a aplicação do artigo 50", disse May.
A notícia chegou a meio da manhã e obrigou May a adiar uma visita a Dublin, onde iria discutir o tema da fronteira entre as duas Irlandas depois do Brexit.
Na segunda-feira, May decidiu adiar a votação, no parlamento, da proposta de acordo com a União Europeia para o Brexit, já que o chumbo do documento estava garantido. Esta moção de censura segue-se à crescente contestação que esta proposta, e a gestão do processo do Brexit em geral, tem sofrido no seio do partido.