O drama dos refugiados malianos na Mauritânia

O drama dos refugiados malianos na Mauritânia
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De  João Paulo GodinhoMonica Pinna
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O campo de Mbera, no sul da Mauritânia, conta mais de 55 mil pessoas e continua a crescer, apesar da falta de mantimentos para todos os refugiados.

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A dureza do ambiente no campo de refugiados de Mbera pode parecer inóspita, mas representa uma das poucas alternativas para os civis que fogem do atual conflito no norte e no centro do Mali.

Está localizado no extremo sudeste da Mauritânia, a 60 quilômetros da fronteira. Em seis anos, cresceu e acolhe já 55.000 refugiados. As chegadas diminuíram, mas nunca pararam. Só em 2018 entraram quase 6000 refugiados."Eles atacam as pessoas na estrada, levam tudo e depois matam. Perdi muitos vizinhos desta forma na minha aldeia. Eu também fui atacado, por isso é que vim", afirmou Omar, um refugiado maliano a viver neste campo, à euronews.

Omar e a respetiva família tiveram de passar pelo centro de registo do ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Em média, 20 famílias, como esta, chegam todas as semanas.

Os dados biométricos e pessoais são o primeiro passo para obter o estatuto de asilo e apoio humanitário. O ACNUR, que dirige este campo, denuncia o desconhecimento sobre esta crise de refugiados.

"Simplesmente não estamos a receber os fundos de que precisamos. No ACNUR da Mauritânia tínhamos 15% das necessidades cobertas até 2018. O Programa Alimentar Mundial tinha 5% das necessidades para a distribuição geral de alimentos no mês de dezembro. Cinco por cento. Isso significa que não podemos alimentar as pessoas que estão aqui", conta Fadela Novak, trabalhadora do ACNUR.

No centro de acolhimento há sombra, água e o mínimo para sobreviver. O ACNUR distribuiu mais de 2.600 kits de abrigo em 2018, mas milhares de famílias ainda estão à espera. Enquanto isso não chega, contentam-se com o que têm.

Por vezes, as famílias ficam aqui presas durante meses antes de poderem reunir o que precisam para construir novas casas. "Vou ficar aqui por quatro dias e construir a tenda com a ajuda do meu primo que também está aqui", revelou Omar.

O conflito no Mali está a atrair todas as atenções, enquanto o fardo suportado pelos países vizinhos para ajudar os refugiados malianos passa despercebido. Este é o alerta lançado pelo ACNUR, enquanto milhares de refugiados aqui na Mauritânia iniciaram o novo ano sem segurança alimentar e sem abrigo

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