Rui Pinto: "Não posso confiar nas autoridades portuguesas"

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De  Ana Serapicos com Lusa, AP
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Hacker português do Football Leaks é acusado de seis crimes relacionados com o SCP e o Doyen Sports, mas diz ser o caso e-toupeira que o deixa reticente em ser julgado em Portugal

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O português Rui Pinto, colaborador do ‘Football Leaks’, recorreu hoje da extradição da Hungria para Portugal, suspendendo a decisão tomada por um tribunal de Budapeste.

Rui Pinto já contestou a extradição, com um recurso que tem "efeito suspensivo imediato" da decisão, e vai aguardar em território húngaro o desfecho deste apelo, explicou a mesma fonte.

O tribunal metropolitano de Budapeste decidiu hoje extraditar Rui Pinto para Portugal, onde deverá ser presente às autoridades, no âmbito da investigação ao acesso aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento 'Doyen Sports'.

Rui Pinto

“Infelizmente, não posso confiar nas autoridades portuguesas"

Aos jornalistas portuguesas que estiveram em Budapeste, Rui Pinto disse não acreditar na justiça portuguesa, tendo recorrido a outro país europeu, a França. "A França considerou as ameaças que recebo em Portugal e propôs-me a integração num programa de protecção de testemunhas.", disse. “Infelizmente, as autoridades portuguesas meteram-se no meio”, criticou, dizendo que “os alarmes soaram” no Ministério Público quando surgiram notícias que ligavam Rui Pinto ao caso dos e-mails do Benfica.

“Infelizmente, não posso confiar nas autoridades portuguesas. Já deram provas de que em casos relacionados com futebol são completamente parciais”, disse. Rui pinto foi mais longe e deu o caso e-toupeira como exemplo: "No caso dos mails do Benfica, há uma clara apatia das autoridades portuguesas” e falta de “vontade dessa autoridades" para "perseguir os clubes de futebol e os seus elementos".

Rui Pinto acresentou: "O mesmo acontece com o fundo Doyen: Existem provas claríssimas que esse fundo é gerido pela máfia do Cazaquistão, mas, apesar disso, as autoridades portuguesas decidiram não investigar o fundo Doyen”, disse.

No fim da audição desta segunda-feira, Rui Pinto escreveu na rede social Twitter: "A audição de hoje servirá como um barómetro para o que a UE quer: uma luta contra a corrupção e a fraude fiscal contra a criminalização dos denunciantes, julgamentos injustos, conflitos de interesses e tráfico de influências."

Rui Pinto está em prisão domiciliária em Budapeste desde 18 de janeiro, na sequência de um mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Na base do mandado estão o acesso aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento 'Doyen Sports' e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de jogadores do Sporting e do então treinador Jorge Jesus, assim como de contratos celebrados entre a 'Doyen' e vários clubes de futebol.

Em 13 de fevereiro, o tribunal húngaro rejeitou o recurso do Ministério Público daquele país para que Rui Pinto passasse a prisão preventiva, mantendo o português em prisão domiciliária, enquanto aguardava o desenrolar do processo de extradição para Portugal, ao qual se opôs.

Rui Pinto terá acedido, em setembro de 2015, ao sistema informático da "Doyen Sports Investements Limited", com sede em Malta, que celebra contratos com clubes de futebol e Sociedades Anónimas Desportivas (SAD).

O 'hacker' é também suspeito de aceder ao e-mail de elementos do conselho de administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD 'leonina'.

Rui Pinto está indiciado de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e outro de extorsão na forma tentada.

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