Brexit: Theresa May recusa passar "cheque em branco" ao Parlamento

Brexit: Theresa May recusa passar "cheque em branco" ao Parlamento
Direitos de autor REUTERS/Peter Nicholls
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De  João Paulo Godinho
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A primeira-ministra britânica diz que a iniciativa parlamentar para tentar assumir o controlo do processo de saída era uma adulteração da democracia.

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A primeira-ministra britânica, Theresa May, reconheceu esta segunda-feira que o governo continua sem apoio suficiente para fazer aprovar no parlamento o Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia (UE), deixando em aberto quando será efetuada nova votação.

"É com grande pesar que tive que concluir que, da maneira como as coisas estão, ainda não há apoio suficiente na Câmara [dos Comuns] para trazer de volta o Acordo para um terceiro 'voto significativo'", afirmou Theresa May.

Depois de intensa especulação sobre o futuro à frente do governo e das opções em aberto para evitar uma saída sem acordo a 12 de abril, May recusou comprometer-se com a intenção do parlamento de assumir o controlo do Brexit.

"Nenhum governo poderia dar um cheque em branco para se comprometer com um resultado sem saber qual é. Por isso, não posso comprometer o governo a concretizar o resultado de qualquer  votação realizada por esta Câmara. Mas comprometo-me com um envolvimento construtivo nesse processo. O resultado padrão continua a ser sair sem o acordo. A alternativa é procurar uma forma diferente de Brexit ou um segundo referendo."

Já neste dia, e depois de uma reunião com o seu conselho de ministros e com o líder da oposição, Jeremy Corbyn, Theresa May ficou também a saber que o DUP, os unionistas irlandeses que são o seu aliado de governo, continuam sem apoiar o acordo de saída.

Por sua vez, o líder dos Trabalhistas apelou à chefe do Executivo para subscrever a votação indicativa do Parlamento, que visa assumir o controlo do processo.

"Em vez de tentar arquitetar uma maneira de trazer de volta o mesmo acordo - duas vezes rejeitado -, irá a primeira-ministra permitir, em vez de combater, planos para votos indicativos? Ela não pode aceitar que o acordo não tem os votos suficientes e bloquear o caminho para tentar encontrar uma alternativa que possa ter esses votos", declarou.

Jeremy Corbyn rebateu ainda as críticas de Theresa May, que considerou essa iniciativa parlamentar uma subversão do funcionamento e da história da democracia britânica: "É ridículo sugerir que o Parlamento tomar controlo é derrubar as instituições democráticas. Não é. É o Parlamento a fazer o seu trabalho democrático de  responsabilizar o governo".

Na semana passada, o Conselho Europeu concordou com uma prorrogação da data de saída do Reino Unido da UE até 22 de maio de 2019, desde que o Acordo de Saída seja aprovado pela Câmara dos Comuns até sexta-feira.

Se não acontecer, o Conselho Europeu estipulou uma prorrogação até 12 de abril de 2019 e disse que esperava que o Reino Unido indicasse um caminho a seguir antes de 12 de abril de 2019 para a consideração dos líderes europeus. Caso contrário, o Reino Unido terá uma saída desordenada da União.

O Acordo foi chumbado a 12 de março por 391 votos contra e 242 votos a favor, uma diferença de 149 votos, repetindo o chumbo de janeiro por 432 votos contra e 202 contra, uma margem histórica de 230 votos.

Outras fontes • BBC / Reuters / Lusa

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