Novos partidos, novos eleitores

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De  Carlos Marlasca
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As eleições gerais espanholas estão já a ser marcadas pelas novidades. Novos partidos e novos eleitores condicionam a comunicação e os temas em debate.

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Os novos eleitores e os partidos mais recentes vão ter um papel importante nas próximas eleições espanholas. Num total de quase 37 milhões de eleitores, um pouco mais de um milhão de jovens vai às urnas pela primeira vez. Apesar de representarem uma pequena parte do censo eleitoral, modificam tendências e mostram novas preocupações.

"A geração mais jovem está muito interessada em temas como a igualdade de género, as alterações climáticas, ou a luta contra a corrupção política", conta Beatriz Rodríguez, estudante.

Para o colega, Cesar Quiaro, "nenhum extremo é bom. as pessoas estão muito extremadas de um lado e de outro e é isso o que me assusta "

É com naturalidade que este segmento da população olha para um mapa político mais complexo.

Naiara Vega, também ela estudante, acredita que "se houver opiniões mais diversificadas, e se, por exemplo, os partidos forem capazes de dialogar, poderão, com pactos, representar a maioria da população."

"Devemos ter cuidado com os extremismos e ver quão à deriva anda a sociedade, porque, se há mais partidos é porque a sociedade está um pouco mais dividida", defende María Gramunt, entre o círculo de estudantes.

Os jovens estão também cientes dos perigos da internet.

Para María Gramunt, "as notícias falsas são uma coisa terrível para a sociedade, algo contra o qual temos de lutar e acho que muitas vezes é difícil de detectar.

"Se ficarmos com o superficial de uma rede social, vamos ter sempre uma história falsa ou que não é extamente verdade", acrescenta Cesar

Geração Z

Os sociólogos consideram a chamada Geração Z mais politicamente ativa do que outras, nas últimas décadas, por causa do acesso à informação que possuem. As preocupações que têm começam a ter impacto nas gerações mais velhas e a obrigar a novas formas de comunicação política. Iñaki Ortega define estes jovens com quatro "i".

"Um: internet. Eles nasceram e foram socializados com a internet. Dois: irreverência. Eles importam-se muito pouco com o poder estabelecido e contrariam-no. Três: incerteza; eles não sabem como será o futuro. E quatro: inovação. Ou mudam e movem-se, ou não sabem se terão um futuro pela frente. Eles são como o mundo em que vivemos, um mundo muito líquido, em mudança, sem certezas e respondem sem restrições às questões atuais. 'Há um partido político à direita? Ótimo, porque não? Um partido à esquerda vira o país de do avesso? Ótimo Porque não?'", explica o sociólogo.

Os novos partidos

O Podemos mudou o mapa político espanhol, logo após a formação, em 2014. Nas últimas eleições, capitalizou 15 milhões de descontentes, elegendo 71 deputados. Juntamente com o Ciudadanos, os dois recém-chegados acabaram com a hegemonia dos partidos maioritários.

"É verdade que houve coisas que mudaram radicalmente o panorama, em termos, por exemplo, da limitação de mandatos, da exigência de primárias aos partidos, da eliminação de condições especiais para o julgamento de políticos. Eu acho que o facto de haver mais opções políticas dissemina o poder de alguma forma, dificulta as possibilidades de acordos e, portanto, abre o debate, gera mais debate e acho que isso é sempre positivo", afirma Isabel Serra é candidata pelo Podemos a Madrid.

Todas as sondagens apontam para o aparecimento de um quinto partido, o Vox. Será a primeira entrada de um partido de extrema-direita no Parlamento desde 1979.

As recentes formações políticas surgem muito relacionadas com questões da atualidade, como a crise económica ou a situação na Catalunha.

De acordo com José Pablo Ferrándiz, doutor em Sociologia, "há que ter em conta que normalmente os novos partidos estão relacionados com momentos emocionais. Se a emoção se perder, o partido, os novos partidos, vão perder o apoio. No momento em que deixam de gerir apenas emoções, e passam ao dia a dia político, a durabilidade torna-se muito maior. Numa futura situação de crise económica, quem sai beneficiado são os partidos tradicionais, neste caso, a direita, o partido popular, porque são percecionados como melhores gestores da crise do que os novos partidos".

Os novos eleitores e os partidos ainda recentes serão uma das causas de um Parlamento espanhol ainda mais fragmentado que o atual. Mas, a médio prazo, todos eles estão a introduzir mudanças na agenda política e a estabelecer novas formas de comunicação. Diretrizes que vão continuar a evoluir depois das eleições de 28 de abril.

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