O líder do partido nacionalista Liga fez-se acompanhar por aliados europeus na apresentação da campanha rumo às Europeias, mas uma contramanisfetação fez-se ouvir contra o também ministro do Interior
O Líder do Liga, partido nacionalista italiano, promoveu este sábado em Milão a campanha para tomar a União Europeia. A Euronews esteve lá e percebeu que nem tudo correu bem para Matteo Salvini na cidade onde tudo começou para ele.
Após meses de trabalho e conversações, o também ministro do Interior italiano apresentou a equipa internacional com a qual espera vencer as eleições europeias.
São onze líderes de diversos partidos nacionalistas europeus, incluindo a francesa Marine Le Pen e o holandês Geert Wielders, que pretendem mudar a Europa para sempre.
Perante uma praça Duomo repleta de apoiantes, Salvini tentou distanciar o peso do termo extremista para a oposição centrista europeia.
"Aqui não há extrema-direita. Aqui, há apenas o senso comum da política. Os extremistas são aqueles que têm liderado a Europa desde há vinte anos em nome da precariedade e da pobreza. No dia 26 de maio, vamos conquistar e mudar esta Europa", afirmou Salvini perante uma plateia eufórica.
Geert Wielders, líder da extrema-direita holandesa, atual segunda maior força política nos países baixos, e Marine Le Pen, líder do partido Reunião Nacional, também estiveram em Milão a apoiar Salvini.
Wilders aproveitou promover as suas políticas anti-Islão e ainda para tirar uma "selfie" com Salvini, tendo o mar azul de apoiantes na praça Duomo como pano de fundo, antes de vir mais tarde para as redes sociais cdelebrar a vitória da Holanda num concurso europeu de canção.
Marine Le Pen tinha falado antes de Salvini e apelou à revolução nacionalista nas urnas europeias, com o italiano depois a aproveitar o comício e a recorrer ao habitual discurso populista para cativar o voto dos mais desiludidos, prometendo baixar os impostos em 15 por cento e colocar um travão à imigração na Europa caso vença as europeias.
Aliados de Salvini nesta cruzada europeia, o húngaro Fidesz, de Viktor Orbán, e o polaco PiS, de Jarosław Kaczyński, não se fizeram representar em Milão. Há ainda algumas divergências a limar, mas a missão comum de atacar o projeto europeu parece firme.
Contramanifestação milanesa
Ao mesmo tempo que Salvini e os aliados europeus marcavam posição na Duomo, Milão era também palco de uma contramanifestação feminista, antifascista, antirracista e anti-Salvini.
A mensagem era clara e incluiu cartazes com as frases "não, ao populismo" e "Milão não é de Salvini."
Residentes milaneses também criticaram o ministro do Interior com faixas colocadas em mais de três mil varandas pela cidade.
Stefano Simonetta foi um desses residentes. À Euronews, explicou ter colocado uma faixa na respetiva varanda "porque chegou o momento de dar a cara e também a fachada das casas para dizer 'já chega'."
"As políticas deste ministro e as atuais forças governamentais não nos representam e é importante que as vozes dissonantes sejam cada vez mais", defendeu este habitante de Milão.
Para a enviada especial da Euronews a Milão, "as faixas exibidas nas varandas contra Matteo Salvini mostram o impacto das políticas do ministro do Interior em Milão".
"Estes são residentes da cidade onde tudo começou para Matteo Salvini. São pessoas normais, algumas delas com quem o ministro tem vindo a falar", conclui Giorgia Orlandi.